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Os ventos favoráveis da política
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Professor adjunto de Teoria Política (Uece/Facedi), professor permanente do programa pós-graduação em Políticas Públicas (Uece) e professor permanente do programa de pós-graduação em Sociologia (Uece)

Os ventos favoráveis da política

As disputas políticas, no Brasil, têm cada vez menos se reduzido à arena política (eleições, parlamentos, governos etc) ou midiática, alcançando o espectro mais amplo das instituições, com destaque para o Judiciário
Tipo Opinião
Luis Roberto Barroso, ministro do STF, anunciou a sua aposentadoria antecipada nesta quinta-feira, 9 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Luis Roberto Barroso, ministro do STF, anunciou a sua aposentadoria antecipada nesta quinta-feira, 9

Há um ditado popular que diz: “cavalo selado não passa duas vezes”. O sentido do adágio é lembrar aos homes que as oportunidades únicas não se repetem, e é preciso aproveitar o momento quando elas aparecem, pois não há garantia de que surjam novamente.

O que a sabedoria popular assim expressa, Nicolau Maquiavel nomeia, em seu “O Príncipe” (1532), como “virtù” que comanda a “fortuna”, ou seja, a capacidade do governante de dobrar as circunstâncias a seu braço.

As disputas políticas, no Brasil, têm cada vez menos se reduzido à arena política (eleições, parlamentos, governos etc.) ou midiática, alcançando o espectro mais amplo das instituições, com destaque para o Poder Judiciário. Batalhas políticas se tornaram jurídicas e o contrário também tem sido verdadeiro.

Por isso mesmo é que a revelação da aposentadoria do ministro do STF, Luiz Roberto Barroso, feita por ele mesmo na semana que passou, constitui ingrediente importantíssimo da disputa eleitoral que se avizinha.

Líderes autoritários mundo afora têm visto a composição das cortes de justiça como fundamentais para seus projetos de poder, levando a cabo, inclusive, a ampliação de assentos para preenchê-los com aliados seus, mesmo que isso implique violações graves ao estado democrático de direito.

Reações, no campo autoproclamado conservador, após o anúncio de Barroso, davam conta da “atenção” que os parlamentares deveriam ter como a nomeação de Lula por ser no STF que suas “batalhas morais” estariam sendo perdidas para o campo progressista, uma vez que, no Legislativo, já estaria “tudo dominado” politicamente.

Por óbvio, o campo progressista deverá exigir de Lula, mais uma vez, a nomeação de alguém que contemple agendas contemporâneas: gênero, raça, região etc. Notícias deram conta da possível indicação de Jorge Messias, que além de gozar da confiança do presidente, é reconhecidamente evangélico – com dois evangélicos no STF, a cota ficaria meio a meio no que tange à nomeação deles.

A fortuna resolveu agraciar Lula mais uma vez. Que sua escolha seja prenhe de virtù, e que a democracia e o texto constitucional ganhem com sua decisão.

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