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Transposição está no pacote de privatização
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Transposição está no pacote de privatização

Tipo Análise
Bolsonaro tirou máscara para selfie com o deputado Delegado Cavalcante (Foto: JL ROSA)
Foto: JL ROSA Bolsonaro tirou máscara para selfie com o deputado Delegado Cavalcante

A chegada das águas do rio São Francisco ao Ceará ainda não encerram as obras nem as polêmicas, tampouco as disputas. Em 5 de agosto do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro assinou o decreto para incluir o projeto no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Entrou, portanto, na carteira de privatizações.

A intenção é buscar recursos privados para concluir as obras - as águas chegaram, mas o serviço não terminou ainda. Uma ideia é usar o potencial de geração de energia. Há perspectiva de leilão para implantar placas solares nas estruturas. A energia gerada reduziria o custo de bombeamento da água. Assim, promete-se, seria reduzido o custo na tarifa de água que chega ao consumidor final - e que terá aumento, como a coluna apontou sábado.

Se já há divergência entre Bolsonaro e o PT por causa da paternidade da obra, imagine quando se coloca na discussão o delicado tema de privatizar estruturas que custaram bilhões e levaram tanto tempo e tantos governos para ficarem prontas.

Capitão Wagner tem seu momento mais bolsonarista

A chegada da transposição ao Ceará marcou o momento mais bolsonarista de Capitão Wagner (Pros). Cinco deputados federais cearenses estavam lá. Wagner era a estrela - afinal, foi o mais votado e é o líder em intenção de votos para prefeito de Fortaleza. Desde 2018, o capitão deu apoio a Bolsonaro, sem deixar de fazer ressalvas. "Queria registrar que o apoio, mas não sou obrigado a concordar com tudo." Tanto foi que votou contra a principal proposta de Bolsonaro: a reforma da Previdência.

Na sexta passada, ele abraçou Bolsonaro. O grupo Ferreira Gomes, seu maior adversário, tem trabalhado intensamente para vincular o Capitão ao presidente. Têm pesquisas que apontam que o apoio, hoje e em Fortaleza, mais atrapalha que ajuda. Pode ser que não seja assim até a eleição. Pode ser que não pese tanto numa decisão municipal.

Na história de Wagner, ele sempre evitou parecer extremista. Coloca-se como ponderado. Já esteve até com a esquerda - o PT de Luizianne Lins em 2012. Ocorre que a militância de Wagner foi para Bolsonaro antes dele. Seguiu quem lhe dá apoio.

Os governadores

Sobre estar na inauguração com Bolsonaro, Capitão Wagner pode minimizar, argumentar que é uma postura institucional, de receber uma obra importante. O fato de governadores de Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte não terem aparecido reforçou o tom de evento bolsonarista. Os gestores estaduais não quiseram aparecer ao lado do presidente. Não é comum levar o enfrentamento a esse ponto. Em atos institucionais, questões político-partidárias sempre foram relevadas. Entenderam, porém, que o esgarçamento com o presidente foi longe demais - e a culpa não foi deles. É provável que tenham conversado entre si antes de decidir. Acabaram deixando Bolsonaro dominar as ações e as imagens.

Bolsonaro e a bancada do Ceará

Além de Wagner, outros deputados federais cearenses estavam lá. Dr. Jaziel (PL) é da bancada evangélica, bolsonarista convicto e ideológico. Domingos Neto (PSD) coordena a bancada cearense. No Ceará, é base de Camilo. Em Brasília, dialoga bem com o Planalto. Pedro Bezerra (PTB) é filho do prefeito de Juazeiro do Norte, Arnon Bezerra (PTB), que esteve na recepção ao presidente. Roberto Pessoa (PSDB), licenciado, e Danilo Forte (PSDB), seu suplente, estavam também lá. Curiosa a presença de tucanos. Os dois são apoiadores do presidente. Um núcleo tucano bolsonarista que se move independentemente de Tasso Jereissati (PSDB).

Havia menos deputados estaduais: Silvana Oliveira (PL), Delegado Cavalcante e André Fernandes (ambos PSL). A Assembleia é mais longe do Planalto e mais perto do Palácio da Abolição.

 

Foto do Érico Firmo

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