Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O PT deve confirmar amanhã Luizianne Lins como candidata a prefeita de Fortaleza. O petista mais poderoso do Estado é o governador Camilo Santana. Ele exerce influência enorme sobre grande número de partidos, mas não no dele próprio. Havia perspectivas de diálogo entre Luizianne e Camilo. Houve sinalização dos Ferreira Gomes de que gostariam de acordo - mas as críticas mantidas nacionalmente e os ataques a Luiz Inácio Lula da Silva não são um estímulo ao acordo. O governador fez aceno ao desincompatibilizar Nelson Martins. Indicou que seria perspectiva de acordo. Parece bem distante. Também há no PT quem trabalhe para adiar a decisão. Tudo isso parece improvável.
O PT tem prazos e ritos difíceis de serem rompidos. Basta lembrar 2004, quando Lula era presidente e não teve jeito de impedir Luizianne de sair candidata. Os Ferreira Gomes não gostam de prazos. Eles querem fazer o tempo deles. Usar o limite dos cronogramas. Esperar os movimentos alheiros. O ponto é que o PT não espera.
Foi assim que José Pimentel (PT) foi candidato a senador em 2010, contra vontade de Cid Gomes (PDT). Em 2012, ele tentou movimento como de agora em busca de entendimento com o PT que não saiu. Em 2014 o acordo saiu, porque também entregaram ao PT a cabeça da chapa de governador. E mesmo assim, para isso precisou que José Guimarães, que seria candidato a senador, aceitasse o acordo para desistir. Pode ser que agora haja acordo entregando ao PT a candidatura a prefeito? Isso dependeria de o PT aceitar Nelson Martins. Luizianne teria de topar - ou ter o nome rejeitado no domingo.
O PT não anda no ritmo dos Ferreira Gomes. Mas, de 2006 para cá, eles se deram bem em todas as eleições estaduais ou em Fortaleza agindo conforme o relógio deles.
A segunda maior disputa do Ceará
O deputado federal licenciado Roberto Pessoa (PSDB) já faz campanha abertamente para voltar à Prefeitura de Maracanaú. O líder do governo Camilo Santana (PT), Júlio César Filho (Cidadania), também se lançou. A disputa provavelmente será a mais importante do Estado depois de Fortaleza. Já seria em qualquer situação por um simples fato: é o maior PIB do Ceará fora a Capital. Portanto, há um vultoso orçamento a ser administrado. Também por isso, o desejo pelo poder no município já levou à violência e à tragédia.
Há outro fator: o município é governado pela oposição ao Governo do Estado. Nem tanto com Camilo Santana e seu perfil radicalmente conciliador, Roberto Pessoa é dos mais virulentos opositores dos Ferreira Gomes. Leva a disputa a patamar ao qual nunca chegou com Luizianne Lins (PT), com o Psol, com Lúcio Alcântara (PSDB). Mesmo com Capitão Wagner (Pros) não houve o tipo de "debate" travado entre Pessoa e Ciro Gomes em 2010 - trocaram insultos, Pessoa contou que Ciro puxou o nariz dele e que reagiu pisando no pé o mais velho dos irmãos Gomes. O agora deputado ainda divulgou nota depois com insinuações sobre uso de psicotrópicos. É desse nível a coisa.
O grupo de Pessoa manda em Maracanaú desde 2005. Conforme informação do colega Carlos Holanda, aqui no O POVO, Roberto preferia lançar a filha, deputada estadual Fernanda Pessoa (PSDB). Mas, acha arriscado.
Afinal, do outro lado não está apenas o líder do governo. Julinho, como é conhecido, vem de poderosa linhagem política de Maracanaú. O pai dele, Júlio César Costa Lima, foi três vezes prefeito na curta história do Município - emancipado em 1984. Foi o antecessor de Roberto Pessoa. Era a dinastia deposta para a ascensão de outra.
Aos 34 anos, Julinho está no terceiro mandato de deputado estadual. Muito jovem, já é experiente. Terá um adversário de muita experiência, acostumado aos meandros da política, passado na casca do alho, com couro grosso de anos de oposição a todos os governadores desde Tasso Jereissati, hoje seu colega de PSDB. Também conhecedor dos mecanismos do Congresso Nacional. Não será fácil para Julinho. O suporte do pai será importante.
Errei: errei o nome da deputada Fernanda Pessoa, já corrigido acima.
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