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Roberto Cláudio e meio ambiente no início e no fim
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Roberto Cláudio e meio ambiente no início e no fim

Tipo Análise
Sabiaguaba, pedaço exuberante de Fortaleza (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Sabiaguaba, pedaço exuberante de Fortaleza

O mês de julho de 2020 se assemelha ao julho de 2013 na gestão Roberto Cláudio (PDT). A Sabiaguaba forma um complexo com o Cocó. É lá que o rio desemboca no mar. O estuário forma um dos mais belos pontos do litoral de Fortaleza. Só tem rival com outro encontro do rio com o mar, na Barra do Ceará. Um no limite com Caucaia, outro quase no limite com Aquiraz. Uma cidade entre dois rios. É também na Sabiaguaba onde se vê dos últimos resquícios de dunas à beira-mar na Capital. É lá que o Conselho Gestor da Sabiaguaba aprovou projeto imobiliário de mais de 50 hectares. A área potencialmente desmatada é de mais de 50 campos de futebol. Se o empreendimento seguir adiante, a Sabiaguaba será drasticamente transformada. Não é só o desmatamento. É o fluxo de pessoas, a ocupação, a estrutura de saneamento. Recentemente, estradas cortaram as dunas para interligação com o litoral leste. O panorama do local já mudou.

Em 12 de julho de 2013, a Prefeitura iniciou o corte de árvores no Cocó para construir viadutos. Sete anos depois, a gestão Roberto Cláudio se encaminha para o fim sob polêmica na mesma área. A posição do prefeito, porém, demonstra mudanças. Ele disse que não apoiará empreendimento que represente risco ao Parque do Cocó ou Parque da Sabiaguaba.

Há sete anos, a Prefeitura comprou briga para construir os viadutos. Houve ocupação em protesto e batalha judicial. Guarda municipal e Polícia tiveram de usar a força para iniciar os trabalhos. O prefeito tinha projeto feito na gestão Juraci Magalhães, já licitado e financiado. Se fosse refazer tudo, demoraria muito mais. Por isso a Prefeitura tocou a obra daquele jeito. Sobretudo desde o projeto de destruir a Praça Portugal, Roberto Cláudio age diferente. Evita as grandes brigas, dribla polêmicas e busca agir de forma conciliadora. O atributo mais necessário de um prefeito é a capacidade de conciliar interesses contrastantes numa cidade. Não por acaso, desde a segunda metade do primeiro mandato, a gestão Roberto Cláudio passou a ser bem menos polêmica.

Todavia, a fala dele tem sutilezas e e menos clara do que pode parecer. Disse o prefeito: "Não apoio e nunca irei apoiar qualquer empreendimento de ordem privada que possa vir a representar desrespeito aos pressupostos ambientais, agressão ou risco ao Parque do Cocó ou ao Parque Natural Municipal das Dunas de Sabiaguaba."

Seria bom, que não apoiasse empreendimento privado nem público. Mas esse não é o ponto. A questão é que o que significa desrespeito, agressão ou risco é subjetivo. Muitas vezes há controvérsia sobre se uma iniciativa representa ameaça ambiental ou não. E, principalmente, o prefeito fala em respeito ao Parque da Sabiaguaba. Mas, existe o parque, existe a Área de Proteção Ambiental de Sabiaguaba (APA) e existe território de valor ambiental que não ficou na demarcação do parque nem da APA muito em função de pressões e negociações. A garantia de proteção ao parque não resguarda o complexo ambiental da Sabiaguaba.

As oposições e a Sabiaguaba

Uma curiosidade é sobre a postura da oposição municipal. À esquerda, Psol tem se posicionado, o que é previsível. Mas, e a outra parte da oposição, que tem se alinhado a Jair Bolsonaro? Não é segmento dos mais afeitos à pauta ambiental. O vereador Sargento Reginauro (Pros) tem se posicionado com ênfase. Não vi ainda a posição do Capitão Wagner (Pros), que ontem, com razão, apontava a lastimável situação da Ponte dos Ingleses.

Não sei se essa oposição abraça a pauta ambiental contra um empreendimento econômico. Se o fizer, vai ser curioso que concilie com o apoio do governo que quer "passar a boiada" na normatização sobre meio ambiente.

Jovens advogados

Os desafios da jovem advocacia e o papel da OAB-CE serão tema de live hoje com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE), Erinaldo Dantas, e o diretor para a jovem advocacia da OAB-CE, Bruno Ellery. Será hoje, às 19 horas, no Instagram da OAB-CE (@oabce) e no perfil @brunoellery

 

Foto do Érico Firmo

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