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Pressões pela volta de escolas e bares
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Pressões pela volta de escolas e bares

Tipo Opinião
Estabelecimentos ficaram cheios durante jogo (Foto: Aurelio Alves/ O POVO)
Foto: Aurelio Alves/ O POVO Estabelecimentos ficaram cheios durante jogo

Há dois embates principais hoje travados em torno da reabertura da economia em Fortaleza. Um envolve as escolas. Outro, os bares. No caso do retorno às aulas, houve manifestação nesta semana. Donos de escolas pressionam pela reinício o mais cedo possível. Muitos pais têm receio de mandar filhos enquanto a pandemia ainda acumula casos e mortes em proporção significativa - estamos anestesiados ao ponto de achar até positivo as dezenas de mortes que se acumulam todo dia no Estado por uma virose respiratória. E mais ainda quando o Brasil contabiliza mais de mil mortes/dia e ultrapassa a marca de 90 mil óbitos.

Mas, existem sim, pais que gostariam de mandar os filhos para a escola imediatamente. Há outros que não gostariam, mas não encontram alternativa para deixar os filhos diante da necessidade de sair de casa para trabalhar. Já recebi mensagem desaforada de leitor quando falei isso. Argumentava que escola não é "depósito de criança", com o que concordo. E não disse isso. O que falei é que há pais e mães que não têm alternativas.

Não me cabe aqui julgar. Não sei a complexidade de cada arranjo familiar. É fácil dar solução para problemas dos outros. E há, ainda, os pais que são contra a volta às aulas.

Há, mais que isso, aqueles que afirmam que os filhos não irão para a escola tão cedo. Há avaliação de que o risco da Covid-19 não é tão grande para crianças. Mas o que significa não ser tão grande? De 7.664 mortes no Ceará, 30 foram de pessoas com até 14 anos. O risco é menor. Estatisticamente, muito menor. Mas ele existe. Nem todo mundo compraria esse trágico "bilhete de loteria". E essas são as mortes. Os casos da doença são mais numerosos. Entre eles, alguns graves que felizmente não levaram a óbito. Mas causaram sofrimento.

Razão que têm e razão que falta

Nos bares e nas escolas, donos de estabelecimentos vivem apreensão. Há os grandes, que têm, em compensação, muitos funcionários. E muitos são de pequeno porte. Vários não suportaram a crise. A situação é dramática e o sentimento é compreensível. No caso dos bares, imagens Brasil afora das aglomerações provocadas justificam preocupação.

Há reclamações que têm cabimento e outras não. A Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel) veiculou peça na qual reclama da proibição ocorrida no fim de semana passado de exibir jogos de futebol em restaurantes. Indagaram a diferença entre passar na TV do estabelecimento uma novela e uma partida.

A analogia é sonsa. É claro que a relação é outra. O público atraído é outro - e, por mais que argumentem que há limite de público, viu-se lotação pela Cidade. Se ficar aglomeração na calçada do restaurante, o dono não vai querer se responsabilizar por aquilo.

Mas há queixa da Abrasel que me parece correta, se for como eles dizem. Reclamam de serem tomados de surpresa por muitas decisões. Que havia diálogo no começo, mas não têm tido retorno dos pedidos, não recebem explicações. Inclusive, são pegos de surpresa e têm dificuldade para orientar os estabelecimentos. Essa cobrança por interlocução e informação me parece absolutamente razoável.

Se há desgraça, ela é do governo

Sobre o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, o presidente Jair Bolsonaro ontem comentou: "Ó a desgraça que foi."

Bem, saúde é uma das duas mais importantes áreas de um governo. Dos 19 meses de governo Bolsonaro até aqui, Mandetta comandou a saúde por 15 meses e meio. Se Mandetta foi uma desgraça, e não discordo, não há como o governo Bolsonaro ser tido ao menos como razoável até aqui. Não tem governo razoável com uma desgraça na saúde. A tragédia de Mandetta no ministério é a tragédia de Bolsonaro no governo.

Até porque ministro é igual àquela história do jabuti em cima do poste: se está lá é porque alguém colocou. Ninguém vira ministro por que quer. E, no caso de ministério, só uma pessoa tem prerrogativa de nomear a desgraça.

 

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