Ex-ministro Weintraub é multado por declaração sobre universidades e você e eu pagamos
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: REPRODUÇÃO
WEINTRAUB deixou governo Bolsonaro
em junho de 2020
O ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi condenado por declarações ao Jornal da Cidade, em novembro do ano passado, na qual dizia que a autonomia universitária tinha aberto espaço para produção de entorpecentes nas universidades públicas.
“Você tem plantações de maconha, mas não é três de maconha, você tem plantações extensivas nas universidades. A ponto de ter borrifador de agrotóxico, porque orgânico é bom contra a soja, pra não ter agroindústria no Brasil, na maconha deles eles querem tudo o que a tecnologia tem à disposição. Ou coisas piores, você pega laboratórios de química, uma faculdade de química não era um centro de doutrinação, desenvolvendo laboratório de droga sintética, de metanfetamina.”
Infelizmente, não é a coisa mais estarrecedora que Weintraub disse. Mas, rendeu condenação de R$ 50 mil, imposta pela Justiça Federal em São Paulo. Cabe recurso.
A ação civil pública foi proposta pela União Nacional dos Estudantes (UNE). O dinheiro deverá ir para o fundo de defesa de interesses difusos - fundo público que financia projetos de interesse coletivo escolhidos via edital. Quem pagará, então, será o ex-ministro, certo?
Errado. Quem paga é a União. O Governo Federal. Do bolso ministro não sairá um tostão. A União ainda foi condenada a pagar honorários advocatícios à UNE e custas do processo. No fim das contas, houve uma tramitação jurídica cuja consequência mais prática será deslocamento de dinheiro público de um lugar para outro.
Claro, há o simbolismo da condenação e isso não é pouco. Mas, a forma de punir o governo e não o agente público é um estímulo à incontinência verbal. Podia ao menos mandar a conta para o Banco Mundial, que já recebeu o Weintraub.
Atualização em 6 de agosto, às 18h43min:
Acertadamente me alerta o leitor Antonio Estevam Neiva. O governo paga, mas o ex-ministro pode ser responsabilizado e cobrado, em ação regressiva. O Supremo Tribunal Federal (STF), inclusive, se posicionou nesse sentido em agosto do ano passado.
Claro, duvido muito que o governo Jair Bolsonaro vá acionar Weintraub para que pague o ressarcimento.
O entendimento do STF é: "A teor do disposto no artigo 37, parágrafo 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado, prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".
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