André Costa teve polêmicas, ondas de ataque, recorde de homicídios e maior redução da história
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
A gestão de André Costa foi provavelmente a mais atribulada da história da segurança pública no Ceará. Teve os dois anos com maiores números de homicídios na história. E, também, o ano com maior redução das mortes violentas. Nesse período, a presença das facções criminosas passou a ser parte do cotidiano cearense. Houve a maior onda de ataques da história do Estado, algo que chamou atenção do Brasil. Houve chacinas em sequência. E o Governo Federal instalou em Fortaleza o Centro Integrado de Inteligência de Segurança Pública – Regional Nordeste (CIISPR Nordeste). As declarações polêmicas foram outra marca da trajetória do secretário.
Desde antes de assumir o cargo, Costa era ativo nas redes sociais. Usava Instagram para divulgar trabalho da Polícia, mensagens motivacionais. E discursos que faziam pouco caso a direitos humanos. Em 16 de outubro de 2016, por exemplo, publicou foto com pistola Glock 17,9 mm à qual chamou "Freio de mano". Em dezembro de 2016, ele perguntou: "Há um bandido gravemente ferido precisando de socorro e ao lado um policial precisando de um cafezinho. Você levaria o café com açúcar ou adoçante?". Na tarde em que assumiu a SSPDS ele apagou o post.
"Justiça ou cemitério"
Em 28 de janeiro de 2017, Costa concedeu entrevista coletiva sobre a prisão de suspeito de assassinar o cabo Arlindo da Silva Vieira. Ele proferiu a frase que ficou marcada ao longo de sua passagem pela SSPDS. "A gente oferece duas coisas para o bandido: se ele quiser se entregar, a Justiça. Se ele quiser puxar uma arma, o cemitério". Repetiu a mesma coisa nas redes sociais. A declaração rendeu críticas e polêmica, mas foi aplaudida pelas associações de profissionais da segurança. O governador Camilo Santana (PT) disse que a fala foi "má interpretação" do secretário. "Acho que houve uma má interpretação, de certa forma, do próprio secretário. Ele é uma pessoa jovem, é um professor de Direito Penal, então jamais poderia interpretar dessa maneira".
As facções não se contentavam em matar. Ao longo de 2017, difundiram-se as mortes cruéis, com objetivo de fazer sofrer, incutir terror e mandar recados. De janeiro a outubro daquele ano, levantamento do O POVO apontou terem sido encontrados pelo menos 13 corpos carbonizados, dez decapitados e outros 14 com sinais de tortura em Fortaleza e Região Metropolitana.
Na madrugada de 7 de dezembro de 2018, a Polícia interceptou assalto a agências do Bradesco e Banco do Brasil no município de Milagres, no Cariri. Porém, a consequência foi muito pior que o roubo de bancos. Os criminosos tinha reféns. Foram mortas 14 pessoas, sendo oito integrantes da quadrilha e seis reféns - cinco da mesma família. Foram afastados 12 policiais em uma ação desastrada de repercussão internacional.
O ano de 2017 foi o mais violento da história do Ceará, em quantidade e em brutalidade. Em 2018 houve o segundo maior número de homicídios da história e série de chacinas, entre as quais a maior da história do Estado. Em 2019 houve a maior onda de ataques da história do Estado. Ao mesmo tempo, houve a maior redução já registrada dos homicídios. Até a metade de 2020, o aumento é o maior já registrado.
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