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O relógio dos Ferreira Gomes
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O relógio dos Ferreira Gomes

Tipo Opinião
Campanha deverá reeditar cenas como Cid Gomes em motoneta para eleger seu candidato (Foto: divulgação)
Foto: divulgação Campanha deverá reeditar cenas como Cid Gomes em motoneta para eleger seu candidato

Em time que está ganhando não se mexe e os Ferreira Gomes mantém a estratégia de adiar definições até quase o limite do prazo. Em 2012, Roberto Cláudio foi escolhido candidato dois dias antes da convenção, realizada no sábado. O mesmo roteiro se repete. Naquela época, o prazo final seria dali a uma semana. Agora é um pouco menos. O método soa temerário, mas tem sido bem-sucedido. No plano nacional, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha outra forma de trabalhar. Quando decidiu viabilizar Dilma Rousseff (PT), começou o trabalho quatro anos antes. Há oito anos, a campanha tinha Moroni Torgan (DEM) disparado na frente. Embaixo, disputavam duas máquinas: Cid Gomes com o governo e Luizianne Lins (PT) com a Prefeitura, trabalhando pelo também pouco conhecido Elmano de Freitas. Os dois acabaram indo ao segundo turno.

A eleição deste ano tem mais semelhança com 2014. Há um nome relativamente pouco conhecido - hoje José Sarto (PDT). Que, todavia, era o mais conhecido entre as alternativas colocadas. Em 2014 era Camilo Santana (PT). E há um adversário muito conhecido. Hoje é Capitão Wagner (Pros). Naquela ocasião era Eunício Oliveira (MDB). Camilo tinha apoio da Prefeitura, do Governo. O Palácio do Planalto, dividido entre os dois, não se envolveu. Camilo foi anunciado um dia antes da convenção, numa manhã de sábado, em dia de jogo do Brasil na Copa do Mundo, dois dias antes do prazo final.

José Sarto Nogueira, candidato do PDT
Foto: divulgação
José Sarto Nogueira, candidato do PDT

De lá pra cá, o tempo de campanha caiu pela metade. De três meses para um mês e meio. Os Ferreira Gomes seguem apostando que eleição se vence na campanha. Não sem razão, acreditam que a pré-campanha é coisa para militante e para jornalista. Apostam forte, também, na TV.

Há muitas novidades desde então. Será a primeira vez que o grupo lançará um candidato pouco conhecido nessa campanha de prazo reduzido. A TV é relativizada desde a eleição de Bolsonaro.

Capitão Wagner é um candidato muito forte e mostrou em 2016. Concorrendo contra Roberto Cláudio sentado na cadeira de prefeito, teve 46,4% dos votos, contra 53,6%. Além disso, Capitão Wagner tem uma capacidade de mobilizar a militância maior que a de Eunício. Na comparação com 2014, Fortaleza tem uma dinâmica diferente do Ceará. No Estado, o peso do governo, o apoio dos prefeitos, tem um peso mais determinante.

Coisas que veremos na campanha

Campanha deverá reeditar cenas como Cid Gomes em motoneta para eleger seu candidato
Foto: divulgação
Campanha deverá reeditar cenas como Cid Gomes em motoneta para eleger seu candidato

As últimas campanhas no Ceará e em Fortaleza foram de reeleição, com características próprias. A campanha de Sarto talvez encontre referências melhores na primeira eleição de Roberto Cláudio. Pode-se esperar o prefeito e os Ferreira Gomes muito ativos na rua. Cid Gomes de motoneta amarela. A campanha vai ter dessas coisas.

Capitão gostou do adversário

A escolha de Sarto e a formação da chapa com Élcio Batista (PSB) deu alguns elementos que Capitão Wagner já começou a explorar. É um político tradicional, a chapa de candidato e vice só tem homens. É o mais ligado possível aos Ferreira Gomes.

  CAPITÃO Wagner é candidato pelo PROS
Foto: Claudio Andrade/Câmara dos Deputados
CAPITÃO Wagner é candidato pelo PROS

Combate aos privilégios, mas não dos que ganham mais

Existe no pensamento liberal uma ideia contrária aos servidores públicos. O funcionalismo forma, de fato, segmento privilegiado em relação à média brasileira. Média essa de um País muito pobre. A simples estabilidade de emprego é uma diferença. Os salários raramente são altíssimos, sobretudo para categorias das mais importantes, como professores ou policiais. Mas, na realidade brasileira, tornam os concursos objetos de desejo. O ministro da Economia, Paulo Guedes, tão preocupado com corte de privilégios, não se preocupa com o aumento dos poucos maiores salários. "Tem que haver uma enorme diferença de salários, sim", ele disse. Vamos combinar, portanto: o problema não é privilégio. E não haverá serviço público de qualidade sem funcionalismo valorizado.

 

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