Logo O POVO+
O momento da operação da PF e a responsabilidade que cabe ao Capitão Wagner
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O momento da operação da PF e a responsabilidade que cabe ao Capitão Wagner

É ruim que operação sobre suspeitas de quase dois anos atrás seja realizada na semana de convenções. Mas, candidato que vem fazendo muitas denúncias, Capitão Wagner tem explicações a dar, sobretudo sobre as providências desde que as denúncias se tornaram públicas, há um ano e meio
Tipo Opinião
Mandados são cumpridos na sede do Pros (Foto: BLOG DO ELIOMAR)
Foto: BLOG DO ELIOMAR Mandados são cumpridos na sede do Pros

As denúncias sobre candidaturas laranjas em todo o País são graves e precisam ser investigadas. Seriam candidaturas de fachadas para destinar verba eleitoral - dinheiro público - para finalidades distintas daquelas que deveriam atender. Então, a investigação é importante. A ocasião em que ocorre a operação da Polícia Federal não é a mais adequada. Obviamente, a investigação tem seu ritmo próprio e não deve ser pautada pela política. Porém, uma irregularidade que teria ocorrido nas eleições de 2018 e que é conhecida pelo menos desde fevereiro de 2019, seria desejável que ela não ocorresse no meio das convenções partidárias para as eleições de dois anos depois. Justamente uma semana após a homologação da candidatura do presidente do partido alvo. Que vem a ser Capitão Wagner (Pros), considerado o mais forte candidato de oposição em Fortaleza.

LEIA A MANIFESTAÇÃO DO PROS CEARÁ

Em várias oportunidades, o momento em que ocorreram ações do Ministério Público e da Polícia Federal coincidiram com datas delicadas do calendário político. O vazamento de diálogos pelo Intercept Brasil deu indicativos de que algumas dessas aparentes coincidências obedeciam a estratégias. Não fosse a operação da Polícia Federal - e Capitão Wagner é aliado do presidente Jair Bolsonaro - as suspeitas seriam maiores de direcionamento. Intencional ou não, a ocasião da operação não é a ideal. Quero crer que as investigações, após mais de um ano, só agora estavam maduras para a realização da operação. Assim sendo, de fato deveriam ocorrer independentemente de calendário eleitoral. E, independentemente do momento em que ocorre, a investigação envolve fatos muito graves.

Sem dúvida, a investigação se torna um fato eleitoral. É talvez a maior arma de que passam a dispor os adversários do Capitão Wagner. Ele tem denunciado muito, na pré-campanha, supostos superfaturamentos, irregularidades na administração e na política da Prefeitura de Fortaleza. Agora, tem um problema em seu quintal, em seu partido.

Capitão Wagner não é apenas filiado. Ele é presidente do Pros desde abril de 2018, segundo o site da sigla. Na época em que as irregularidades foram tornadas públicas, Wagner disse que a decisão tinha sido toda da direção nacional. Segundo ele, encaminhou a chapa de candidatos e a direção nacional - que supostamente conhece menos a realidade local - decidiu como repartir o dinheiro. Peralá, a argumentação é estranha.

A candidata de 47 votos recebeu quase quatro vezes mais verba que Soldado Noélio, ex-vereador eleito deputado estadual pela sigla. Recebeu mais que o próprio Wagner. Recebeu mais que Luís Eduardo Girão, que se elegeu senador pela sigla. E o Pros Ceará não estranhou? Lavou as mãos? Não quis saber o porquê da aposta nessa candidata desconhecida? Não parece muito responsável com o uso de uma verba que é pública.

O Capitão Wagner tem uma responsabilidade maior. Depois que o caso veio à tona, todas as suspeitas foram divulgadas, inquérito foi instaurado, não se sabe de nenhuma iniciativa pública do Pros para esclarecer o assunto. Fez alguma averiguação interna? Chamou os responsáveis para esclarecerem o assunto?

Para uma candidatura que tem insistido tanto na ética e na boa aplicação dos recursos públicos, o Capitão terá de explicar quais providências tomou sobre recursos da agremiação que administra e na qual a Polícia Federal hoje amanheceu.

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?