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A influência da religião na eleição em Fortaleza
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A influência da religião na eleição em Fortaleza

Tipo Opinião
Zé Gerardo, à direita em primeiro plano, na época de deputado (Foto: Gilberto Nascimento/Câmara dos Deputados)
Foto: Gilberto Nascimento/Câmara dos Deputados Zé Gerardo, à direita em primeiro plano, na época de deputado

O componente religioso tem força crescente na política brasileira atual e certamente será uma disputa própria na eleição em Fortaleza. Candidato do prefeito Roberto Cláudio, José Sarto (PDT) é evangélico, embora não costume explorar esse aspecto de forma ostensiva na atuação política. Walter Cavalcante (MDB), candidato a vice-prefeito de Heitor Férrer (Solidariedade), é católico e tem intensa atuação política e parlamentar em relação a esse segmento do eleitorado.

Capitão Wagner (Pros) tem apoio de forças importantes do campo religioso. Estão com ele o Republicanos, partido da Igreja Universal do Reino de Deus, e o Podemos, que tem como líder no Ceará o senador Luiz Eduardo Girão, um dos maiores divulgadores do espiritismo no Brasil. Além disso, a deputada estadual Dra. Silvana e o marido dela, deputado federal Jaziel Pereira, também apoiam Wagner, apesar de o partido deles, o PL, estar com Sarto. Aliás, o candidato do PDT tem o apoio do PSDB, que tinha o pré-candidato Carlos Matos, influente personagem da comunidade católica Shalom.

O peso da fé na política

Diferentes denominações religiosas têm formas diferentes de lidar com a política, desde a postura dos líderes até a adesão dos fiéis. Há instituições religiosas que evitam envolvimento mais direto e há religiosos que entram de corpo e alma, inclusive em campanha ativa. Dentro dos vários credos, há inclusive diferenças. Católicos, evangélicos, espíritas e demais denominações, cristãs ou não, apresentam variações. Não são realidades uniformes dentro das religiões. E os fiéis agem de modo distinto. Alguns escutam o que diz o dirigente religioso e usam como um elemento a mais na decisão de voto. Outros simplesmente ignoram. E há aqueles que votam em quem o pregador da fé orientar. Também não são realidades uniformes dentro das igrejas ou seitas. Varia de indivíduo para outro. Afinal, o voto é secreto, embora Deus tudo veja - acreditam os sistemas hegemônicos de crenças.

A presença religiosa na vida cotidiana é crescente, em particular em grupos neopentecostais, entre os quais estão alguns dos mais engajados politicamente. Essa atuação ideológica e política é crescente. Tem potencial para decidir uma eleição.

Pelo menos em três das principais candidaturas, esse ingrediente está presente, com diferentes abordagens.

A volta do primeiro deputado condenado pelo Supremo

Zé Gerardo, à direita em primeiro plano, na época de deputado
Foto: Gilberto Nascimento/Câmara dos Deputados
Zé Gerardo, à direita em primeiro plano, na época de deputado

O ex-deputado federal José Gerardo Arruda (MDB) será candidato a prefeito de Caucaia. Ele já governou o município entre 1997 e 2000. Foi também deputado federal. Aliás, Zé Gerardo está na história do Brasil. Em 2010, ele se tornou o primeiro parlamentar condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desde a Constituição de 1988. Ele pegou pena de dois anos e dois meses de prisão em regime aberto, pena convertida no pagamento de 50 salários mínimos e prestação de serviços comunitários. O motivo foi o uso de R$ 500 mil do Ministério do Meio Ambiente, que seria destinado à construção de um açude público, mas foi usado para construir passagens molhadas. A defesa negou irregularidade e argumentou que a finalidade atingida foi a mesma - combater a seca. Mas por sete votos a três, o STF o condenou por considerar ter havido desvio de finalidade. O parlamentar ficou inelegível, com base na lei da Ficha Limpa, por oito anos. Prazo de punição que já se encerrou.

A candidata a vice-prefeita é a mulher dele, também ex-prefeita de Caucaia, Inês Arruda, que foi também deputada estadual.

A família concorre pelo MDB, de Eunício Oliveira, partido ao qual Zé Gerardo pertenceu por anos. Inclusive, estava filiado na época da condenação.

A família se refiliou em peso no fim do ano passado. Ingressaram no partido Zé Gerardo, Inês e os filhos do casal: a ex-deputada estadual e atual vice-prefeita Lívia Arruda e Gera Arruda, que concorreu a deputado federal quando o pai ficou inelegível e chegou a assumir como suplente.

 

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