Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Fortaleza olha para a política local e vê PT e PDT sem chegar a acordo eleitoral. Há a realidade nacional, na qual os partidos entraram em colisão em 2018 e estão cada vez mais longe um do outro. E, existe o Ceará. Para o grupo Ferreira Gomes, o que vale para o País não vale para o Estado. Era assim quando o PMDB era o principal aliado do governo, ao mesmo tempo em que Ciro Gomes (PDT) desancava o partido em Brasília. Hoje, Ciro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trocam críticas praticamente a cada vez que se manifestam. Mas, como mostrou no O POVO de ontem o jornalista Carlos Mazza, petistas e pedetistas são parceiros no projeto de poder nos principais polos do Ceará, fora a Capital. Houve obstáculos e até intervenção dos principais líderes estaduais para garantir acordos locais, casos de Caucaia e Juazeiro do Norte. Nacionalmente, Ciro já afirmou: "Não quero fazer campanha com o PT nunca mais". Isso não vale para o Ceará.
O PT terá Luizianne Lins como candidata, para desgosto do governador Camilo Santana (PT). Não se sabe ainda como ele irá se comportar na campanha. Mas há gestos concretos na montagem da campanha. O ex-secretário-chefe da Casa Civil de Camilo, Élcio Batista, é o vice de José Sarto (PDT). E o pai do governador, Eudoro Santana, será um dos coordenadores do programa de governo de Sarto. Há gestos tão ou mais eloquentes que declarações.
O jogo interno do PT
Sem o governador e sem aliados, Luizianne trata de montar uma campanha que seja reflexo, pelo menos, das várias alas do PT. Ontem, ela reuniu em almoço parlamentares das várias correntes, inclusive José Guimarães, o principal cacique do partido, e o deputado estadual Acrísio Sena, talvez a voz interna que mais insistiu por um entendimento com o governador e outras forças de esquerda. O deputado federal José Airton Cirilo estava no Interior e mandou representante. Luizianne conseguiu para vice um dos mais importantes aliados de Guimarães em Fortaleza, Vladyson Viana. E o coordenador será o presidente estadual da legenda, Antônio Filho, o Conin. Na eleição passada, Luizianne concorreu tendo como vice Elmano de Freitas. Era uma chapa luizianista. Agora, ela tenta mostrar o apoio interno das várias alas da sigla.
O patrimônio dos candidatos
Os dois candidatos mais cotados para a Prefeitura de Fortaleza foram dos primeiros a registrar candidaturas. No ato, tiveram de apresentar a declaração de bens. Capitão Wagner (Pros) e José Sarto (PDT) estão milionários. Mas a fortuna de ambos caminha em direções opostas.
Sarto informou R$ 1.576.407,67 em bens. Uma queda de 28,3% em relação à eleição passada. Wagner informou R$ 1.267.695,52, 39,5% a mais que em 2018. São grandes variações para dois anos de intervalo.
Grandes oscilações de patrimônio de político sempre são assunto que merece atenção. Quando há aumento, busca-se saber se é compatível com os rendimentos. Ou se a origem pode ter algum tipo de problema.
Mas também me preocupo quando vejo patrimônio em queda. Sarto ficou mais de R$ 600 mil mais pobre em dois anos. Fico a me perguntar se as contas públicas correm o mesmo risco das finanças pessoais numa eventual administração.
Pior apenas o outro candidato que registrou candidatura, Samuel Braga (Patriotas). Ele informou que não tem nada: nem carro, nem casa, nem conta bancária. E olha que ele foi vereador duas vezes, entre as décadas de 1980 e 1990. Na época ambos no PDT, chegou a ser mais votado que Heitor Férrer.
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