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Não escolha candidato pelas propostas
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Não escolha candidato pelas propostas

Tipo Análise

Começa hoje o horário eleitoral e muita gente acha que a postura de educação política é decidir o voto com base nas propostas. É um chavão clássico. Bem, cada um escolhe o candidato do jeito que quiser. Por isso, o título da coluna é presunçoso. O bom da democracia é que cada voto vale tanto quanto o de qualquer outra pessoa. E cada um faz dele o que bem quer. Como este é um espaço de opinião, darei a minha: não escolha o candidato pelas propostas que ele faz.

Por quê? Que conversa é essa? Explico. As propostas que os candidatos têm feito em entrevistas, que espalham nas redes sociais, enviam pelo Whatsapp, divulgam em dancinha no TikTok e a partir de hoje mostrarão no horário eleitoral, elas são feitas com um objetivo: ganhar voto. Querem agradar. A maioria diz qualquer coisa que o eleitor queira ouvir.

Quer um exemplo: reforma da Previdência. Foi a coisa de maior impacto que o governo Jair Bolsonaro fez até agora. Foi assunto absolutamente marginal na campanha. Embora se falasse muito dela nos bastidores dos meios financeiros. Era tratada como prioridade quando o governo Dilma Rousseff (PT) agonizava. Michel Temer (MDB) pelejou intensamente para aprová-la. E a equipe econômica queria fazer a todo custo. Mas, ninguém em campanha fala em mexer nas aposentadorias. Quando entrou no governo, foi a primeira coisa de que cuidou.

Não é só Bolsonaro não. Em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também não falou em reforma da Previdência, mas foi também a primeira iniciativa que tomou no governo. Causou tanta confusão que muita gente foi expulsa do PT e fundou o Psol.

Em resumo, não penso que as promessas dos candidatos permitam projetar o que esperar do governo. O ideal é que os programas de governo permitissem projetar a administração. Mas, são peças de propaganda. Servem para agradar. Governar inclui contrariar interesses e tomar medidas impopulares. Quais o candidato tomará se for eleito? Um doce para quem encontrar essas iniciativas controversas nos programas de governo. Quando aparecem, os candidatos dizem que foram mal interpretados, que não é bem aquilo.

Conselhos ao escolher candidato

Como, então, escolher o candidato? Tenho dois conselhos que modestamente registro aqui. A melhor maneira de saber o que o candidato fará é olhar para a história dele. Observar o que ele já fez. Conhecer a trajetória dele. O que ele já fez. Não é garantia de que fará o mesmo no futuro, mas é indicativo concreto de suas prioridades, suas práticas, suas intenções.

Outro indicador importante: veja quem está ao lado do candidato. Ninguém governa sozinho. Alguns auxiliares interferem mais no dia a dia da administração que o próprio governante. É sempre importante saber de quem o político se cerca, quem são seus aliados. Isso não é acessório. Define a correlação política da administração e os compromissos assumidos.

O peso das propostas

Não quer dizer que propostas não servem de nada, não têm valor nenhum. Têm sim: servem para cobrar e fiscalizar o eleito. Acompanhar o que é realizado em relação ao que foi prometido.

O fator Bolsonaro

Capitão Wagner pediu voto em Bolsonaro em 2018: papéis se invertem
Foto: REPRODUÇÃO/FACEBOOK
Capitão Wagner pediu voto em Bolsonaro em 2018: papéis se invertem

Capitão Wagner (Pros) foi incluído ontem entre os candidatos a quem Bolsonaro declarou apoio de modo mais explícito. O presidente havia dito que não se envolveria nas campanhas. Mas, francamente. Bolsonaro deu palpite nas eleições na Argentina, no Uruguai, nos Estados Unidos. Ficaria calado sobre o Brasil? Muito da base de Wagner é eleitora de Bolsonaro. O apoio fortalece sua militância. Já na base governista de Fortaleza, que vem associando Bolsonaro a Wagner para criticá-lo, publicamente a manifestação foi comemorada. "Grande dia! Injeção de ânimo adicional para fazer campanha pro Sarto", disse o deputado federal Idilvan Alencar, que foi um dos pré-candidatos do PDT.

 

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