Pode ser mais difícil do que Sarto imaginava ultrapassar Luizianne para ir ao segundo turno
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
A pesquisa O POVO Datafolha sobre a eleição para prefeito de Fortaleza terminou de ser realizada em 15 de outubro, um mês antes do primeiro turno. No ritmo alucinante da política, um mês é tempo para muita coisa mudar. A quantidade de candidatos, todavia, indica uma quase certeza: a definição será em segundo turno, salvo uma hecatombe.
No topo, uma disputa aberta pelo segundo turno. Com margem de erro menor que a do Ibope, o Datafolha mostra cenário mais definido. Não há empate técnico nos três primeiros lugares. Capitão Wagner (Pros) lidera, em patamar superior ao que o Ibope trouxe: 33%.
Luizianne Lins (PT) está isolada na segunda colocação, com 24%. Pesa contra ela a rejeição - como no Ibope, a maior entre todas. Porém, Luizianne aparentemente está mais forte que em 2016. Não surpreende. Aquela eleição ocorreu simultaneamente à definição do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Era o fundo do poço do PT. Além disso, o prefeito Roberto Cláudio (PDT) era candidato no cargo, esvaziando outras candidaturas. A força que Luizianne tem apresentado em pesquisas mostra que, realmente, não fazia sentido para um partido que tem projeto político abrir mão da candidatura dela para apoiar um aliado que vem bem abaixo. Tampouco o PT optar por outro nome. Luizianne falava nos bastidores das pesquisas que tinha e os números, realmente, indicavam que ela deveria ser candidata.
José Sarto (PDT) é bem menos conhecido. Os 15% de intenções de voto já o colocam no jogo. Antes do início da campanha, ele provavelmente estava mais atrás - como, aliás, mostram pesquisas de outros institutos. Porém, aparentemente será mais difícil do que se projetava para Sarto ultrapassar Luizianne para chegar ao segundo turno.
Ele está nove pontos percentuais atrás da petista. A um mês da eleição, com apoio do prefeito e, veladamente por imposição legal, também do governador, ainda me parece mais factível que Sarto esteja no segundo turno. Mas, não sem briga. Luizianne hoje está forte. Mais do que se supunha - os 24% do Datafolha são mais que os 23,2% que ela obteve na pesquisa Zaytec, no fim de setembro, contratada pelo PT.
O bloco de baixo
A eleição caminha para segundo turno não apenas pela presença de 11 candidatos - um deles atualmente indeferido. Sobretudo o fato de haver outros três candidatos, fora do pelotão da frente, com percentuais significativos. Não tem, no Datafolha, aquela turma de 1%, 2%. Quatro candidatos não chegam a 1%. Os demais ficam com pelo menos 4%. Não é desprezível. É peso capaz de influenciar um segundo turno. Puxar votos para vereador. Nem mesmo é possível sacramentar que é impossível quem está com 4% chegar à casa dos 20% e, então, brigar para ir ao segundo turno. Pode não ser provável - e não é - mas a possibilidade existe.
Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa trer mais votos que a soma dos demais - em outras palavras, 50% dos votos válidos mais um. O líder de intenções de votos tem 33%. A soma dos demais dá 52%.
O patamar considerável desse bloco de baixo é um dos fatos dignos de nota na pesquisa. Heitor Férrer (Solidariedade), candidato pela quarta vez e já tendo quase ido ao segundo turno em 2012, não larga de forma expressiva, com seus 5%. Renato Roseno (Psol) e o estreante Célio Studart (PV), com 4%, têm mais o que comemorar.
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