Até onde Luizianne e Sarto levarão o enfrentamento?
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Em 10 de agosto, o governador Camilo Santana fez uma das várias reuniões com as direções do PT no Ceará e em Fortaleza. Queria acordo que reunisse PT, PDT e MDB - como se sabe, não rolou. No dia seguinte, o deputado estadual e hoje candidato a prefeito de Caucaia, Elmano de Freitas (PT), relatou ao jornalista Carlos Mazza que, se não saísse entendimento, o governador gostaria que pelo menos não houvesse hostilidade entre as candidaturas. Que as críticas fossem mantidas dentro de certos limites. Um pacto de não-agressão ou, pelo, menos, de agressividade sob controle. "O processo que o Camilo está defendendo também é ter a possibilidade de construção de uma relação um pouco menos áspera entre as forças progressistas. Eleger aqueles que defendem o Bolsonaro como nossos adversários centrais em Fortaleza." Entre outras intenções que o governador nutria, essa foi para o espaço há bastante tempo.
Já nos dias seguintes, Luizianne Lins (PT) concedeu entrevista batendo pesado na administração Roberto Cláudio (PDT). Críticas administrativas e inclusive levantando questões éticas, relacionadas a suposta compra de apoio político.
Já na campanha, depois das pesquisas que mostraram Sarto Nogueira atrás de Luizianne, o PDT passou a bater pesado na ex-prefeita e na administração de oito anos dela em Fortaleza. A tentativa de controlar a agressividade mútua, desejada pelo governador, foi cedo para o vinagre.
Ontem, depois da pesquisa O POVO Datafolha, Luizianne partiu para cima da campanha de Sarto e da administração Roberto Cláudio. Falou que a "estratégia do mal, da mentira, da sem-vergonhice e da vagabundagem na política parece que está começando a dar certo." Mencionou que Roberto Cláudio "é o pior prefeito". "Prometeu em 2016 um programa chamado 'Remédio em Casa'. Remédio em casa? Não tem nem remédio no posto de saúde." Não tinha como deixar os irmãos Ferreira Gomes fora: "Eles acham que são donos de Fortaleza, eles acham que controlam toda as instituições do Estado, eles acham que controlam a Justiça, que controlam o Ministério Público, eles acham que controlam a vida das pessoas."
Não pareceu gesto isolado, mas início de nova fase da campanha. Há um desânimo em setores petistas, que sentem a tendência de queda petista e crescimento pedetista difícil de reverter. Mas Luizianne vai tentar. Se não der certo, ela terá batido a valer nos Ferreira Gomes, algo que já a satisfaz mesmo sem recompensa.
Da parte de Sarto, em declaração após a pesquisa, veiculada ontem no programa Hora Política, na rádio O POVO CBN, ele seguiu na estratégia que o levou até onde está agora. Dizendo que não deve haver retrocesso - caso de Luizianne, segundo ele - nem apostar na incerteza como classifica Capitão Wagner.
O clima para um entendimento no segundo turno ao menos entre as candidaturas parece cada dia mais distante. Se Camilo pretendia um entendimento, a campanha não poderia ter ido para mais distante disso.
A depender dos rumos do enfrentamento, Capitão Wagner tem muito a se favorecer.
Ciro e Lula
Não deixa de ser irônico que o acirramento ainda maior da briga entre Luizianne e Sarto ocorra no momento em que surgem as notícias de encontro entre Ciro Gomes (PDT) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Já se conjectura se poderia sair acordo para 2022. Calma, gente. Até onde se sabe, eles apenas combinaram de parar de xingar um ao outro. Daí a um entendimento vai longo caminho. Há projetos políticos e ambições difíceis de conciliar. Quero também ver quantas entrevistas Ciro aguenta sem espinafrar o PT.
De todo modo, mesmo um entendimento parcial, que teria sido mediado pelo governador Camilo Santana, tem potenciais reflexos maiores no Ceará que em qualquer outro lugar. E fortalece o governador cearense na arena nacional.
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