O prefeito eleito José Sarto (PDT) enfrentará na Câmara Municipal uma oposição maior e mais radical tanto a direita quanto à esquerda. Os partidos da aliança pedetista têm maioria absoluta da Casa: 25 dos 43 vereadores. Porém, para a base crescer além disso não será tarefa das mais simples. Há vereadores de perfil mais ideológico tanto à direita quanto à esquerda. De um lado, há segmentos religiosos, militares e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Improvável que votem com o governo em matérias polêmicas. Do outro lado há dois vereadores do Psol, partido que apoiou Sarto no 2º turno, mas de cara adiantou que faria oposição a quem quer que fosse eleito. A sigla votou no pedetista em função da proximidade de Capitão Wagner (Pros) com Bolsonaro. Mas, é improvável ver o Psol aderindo às pautas governistas polêmicas.
Mesmo o PT é dúvida se será governo ou oposição. O partido apoiou Sarto no 2º turno, mas Luizianne Lins (PT) não aderiu. Os três vereadores eleitos pelo PT têm perfil que é ou já foi próximo de Luizianne Lins (PT). Dois deles, Guilherme Sampaio e Ronivaldo Maia, foram opositores de Roberto Cláudio (PDT). Já Larissa Gaspar participou da gestão Luizianne, depois ocupou cargo na administração do atual prefeito e, mais recentemente, tem se tornado crítica da gestão. É difícil pensar em voto petista alinhado automaticamente com a base de Sarto.
Assim, somados os 12 vereadores eleitos pelos partidos que apoiaram Wagner com os do Psol, somam-se 14 oposicionistas. Atualmente, a oposição a Roberto Cláudio soma em torno de sete vereadores. E é das maiores que ele já teve. Caso se juntem à oposição os três petistas e o vereador eleito pelo PSL, a vereador pode chegar a 18, algo não visto em Fortaleza há muito tempo.
A questão partidária raramente define o tamanho da oposição na Câmara. É muito comum, a cada prefeito que toma posse, a migração de vários parlamentares oposicionistas para a base governista. Porém, esse é um complicador para Sarto, o atual perfil dos opositores não aponta para isso. Dos cinco vereadores do Pros, três já fazem oposição dura à administração do PDT. Outro é Inspetor Alberto, o candidato do deputado André Fernandes (Republicanos), que teve declaração de voto de Bolsonaro. Não vejo nenhum deles aderindo à base. Outro bolsonarista é Carmelo Neto (Republicanos). Ainda no campo religioso/conservador, Priscila Costa (PSC) é outra que já faz oposição hoje e não tem perfil adesista. Só eles e mais o Psol já garantem uma oposição maior.
Porém, há margem para a base atrair alguns nomes. Por exemplo, o PMB apoiou Wagner. Mas, um dos vereadores, Wellington Sabóia, já foi da base de Roberto Cláudio. Não faz muito o perfil opositor. Em 2014, ele mostrou maleabilidade ao se manter na base do prefeito ao mesmo tempo em que apoiava o então candidato de oposição a governador, Eunício Oliveira.
No Republicanos, o vereador mais votado de Fortaleza, Ronaldo Martins, já foi secretário da atual gestão. Integrou por muito tempo a base governista e também não tem perfil de oposição. Mas, ele é pastor da Igreja Universal, que teve posição determinante na campanha de Wagner e contra os governistas.
No PSL, Marcelo Lemos declarou apoio a Sarto no 2º turno. Ocorre que ele teve candidatura indeferida e a vaga pode ser de Júlio Rocha.
Disputa pela presidência
O atual presidente, Antônio Henrique, tem tudo para ser reeleito. Ele já se movimenta para isso e praticamente assegurou maioria. Porém, deve haver disputa. A oposição tem mantido conversas. Ronaldo Martins, vereador mais votado, se lançou na disputa após o 1º turno. Porém, a oposição cogita outras possibilidades. Ganha força o nome de Julierme Sena (Pros).
Casa do barulho
Essa Câmara, com presença de policiais, religiosos e bolsonaristas, no campo conservador, e que volta a ter Psol, com bancada renovada, promete ser um barril de pólvora para o futuro presidente administrar. Receio que teremos muitas discussões etéreas e sem relação nenhuma com a cidade.
Mudanças na correlação da Câmara ao longo do tempo:
Podcast analisa resultados pelo Ceará e pelo Brasil: