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A marca de RC, a presença Ferreira Gomes e a cota do prefeito
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A marca de RC, a presença Ferreira Gomes e a cota do prefeito

Tipo Análise
Ex-prefeito Roberto Cláudio (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Ex-prefeito Roberto Cláudio

A administração de José Sarto (PDT) tem o núcleo dividido em três partes: os remanescentes da gestão Roberto Cláudio (PDT), o grupo ligado mais diretamente ao prefeito eleito e o segmento Ferreira Gomes. Esse último abrange os outros dois, mas menciono mais especificamente os aliados mais tradicionais, não vinculados propriamente aos subgrupos desses dois líderes.

A gestão começa muito com cara de continuidade da gestão Roberto Cláudio. Claro, você haverá de dizer, o prefeito fez o sucessor. Porém, a digital do atual prefeito na gestão que o sucederá é maior até que a cota pessoal de Sarto. Maior que a presença mais, digamos, raiz, do grupo Ferreira Gomes. Observando a outra alternância de poder dentro do clã, a continuidade da gestão de Roberto Cláudio para a de Sarto é maior que a de Cid Gomes (PDT) para Camilo Santana (PT) no Estado, em 2015. Dos 20 secretários anunciados — e faltam as Regionais e mais alguns postos — são 15 que ocupam ou ocuparam cargo na gestão Roberto Cláudio. Camilo, dos 26 secretários estaduais na posse, escolheu oito que vinham do governo Cid.

Sartismo

O núcleo governante é ligado ao prefeito eleito. Está lá o chefe de Gabinete, Elpídio Moreira. Não confundir com Elpídio Nogueira Moreira, vereador que é irmão de Sarto e também será secretário. O Elpídio chefe de gabinete é atual chefe do gabinete de Sarto na presidência da Assembleia.

Outro nome da corrente "sartista" dentro do grupo Ferreira Gomes é Renato Lima. Esse é um dos egressos da gestão Roberto Cláudio, onde era secretário de Gestão Regional. Estava lá na cota de Sarto, de cuja campanha foi coordenador de articulação. Será agora secretário de Governo, o gerente e articulador político da gestão. Conhece bem a realidade dos bairros.

Completa o núcleo pessoal do prefeito o secretário da Cultura, Elpídio Nogueira (PDT), vereador, ex-secretário da Regional VI na gestão Luizianne Lins (PT), em 2007 e 2008, ex-secretário do Turismo de Roberto Cláudio, em 2015, e dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, em 2018. É irmão de Sarto.

A continuidade de Roberto Cláudio 

O tom de continuidade da gestão Roberto Cláudio na de Sarto se espalha por todo lado: planejamento, finanças, controladoria, desenvolvimento econômico, saúde, educação, cultura, infraestrutura, habitação, conservação, gestão regional, urbanismo e meio ambiente. Também no Instituto de Planejamento, o Iplanfor. Afinal, o titular indicado, o vice-prefeito eleito Élcio Batista (PSB), foi secretário de RC no começo do mandato.

O mais emblemático é Samuel Dias (PDT), que volta à Infraestrutura, que já havia comandado no primeiro mandato do prefeito que sai. É a marca mais visível de Roberto Cláudio.

Marcelo Pinheiro, que é chefe de gabinete do atual prefeito, sai do núcleo decisório do Paço, mas segue em função muito estratégica, à frente do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Outro nome da gestão RC que ganha relevo é Rodrigo Nogueira Diogo, do PP de Zezinho Albuquerque. Ele era responsável pela área de concessões e parcerias público-privado (PPPs) de RC e assumirá o Desenvolvimento Econômico.

Presença das mulheres

A manutenção de Dalila Saldanha na Educação faz sentido. Era uma área problemática na época de Luizianne Lins (PT) e passou por vários comandos até se acertar. Na Saúde, Ana Estela Fernandes é bastante elogiada. Porém, não se trata do nome de referência pública que se pretendia. Ainda assim, faz sentido apostar na continuidade durante a pandemia — ela é hoje secretária adjunta. Flávia Teixeira, atual coordenadora do Tesouro Municipal, também dá prosseguimento ao trabalho realizado. Três mulheres no coração da gestão. E também na Controladoria e Ouvidoria, para onde vai Christina Machado, hoje secretária-executiva de Planejamento, Orçamento e Gestão. Nas ruas também será a visível a presença de outra mulher no secretariado de Sarto: Luciana Lobo, atual secretária-chefe da Controladoria e Ouvidoria Geral do Município, que assumirá o Urbanismo e Meio Ambiente. São cinco mulheres e 15 homens secretários. Uma para cada três. Ainda assim, é relevante a força que terão na gestão. Todas elas com trabalho já mostrado na Prefeitura. Quatro delas têm ampla formação nas áreas que comandarão. A exceção é no Urbanismo e Meio Ambiente — setor que rendeu muitas críticas a Roberto Cláudio e, também por isso, desafiará Sarto.

E os Ferreira Gomes?

Qual a presença dos Ferreira Gomes? Bem, em todos esses aí: os indicados de Sarto, os próximos a Roberto Cláudio, todos estão nessa órbita. Mas, não fica só aí. Há membros bastante tradicionais do grupo. Talvez o mais notável seja Adail Fontenele. Ele foi secretário do Desenvolvimento Urbano do Ceará (SDU) no governo Ciro Gomes (PDT), foi com Cid Gomes (PDT) para a Assembleia Legislativa, onde exerceu a diretoria-geral, foi secretário da Infraestrutura de Cid no governo. Na gestão Roberto Cláudio, virou coordenador das Regionais e atualmente é secretário do Centro. Agora assumirá a Habitafor. A impressão é de que já teve posições de mais status no grupo, sem que isso signifique que tocar a área de Habitação de um município como Fortaleza não seja relevante — e não tenha gordo orçamento.

Há também o procurador-geral do Município, Fernando Oliveira, que ocupou cargo equivalente no Estado no período Cid. Atualmente comanda o Metrofor.

João Pupo foi procurador-geral do Município de Sobral, superintendente do Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE) no governo Cid e tem atuação em praticamente todas as campanhas do grupo, na área jurídica. Hoje titular da Conservação e Serviços Públicos, assumirá a Gestão Regional.

E há ainda Ferruccio Feitosa, que troca a Regional II por Conservação e Serviços Públicos. Ele teve muita importância na época de Cid à frente dos preparativos da Copa. Porém, não chega a ser um Ferreira Gomes tradicional, embora tenha figurado como pré-candidato a prefeito em 2012 e 2020. Na gestão Sarto, terá status maior do que tinha no período de Roberto Cláudio.

O papel de Élcio

O vice-prefeito eleito, Élcio Batista (PSB), comandará o Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor). Há quem esperasse função de maior destaque para ele. Todavia, vale lembrar, irá para o lugar que é hoje de Eudoro Santana, pai do governador Camilo Santana (PT) e com quem Élcio tem ligação estreita. Sarto disse ainda que a atuação do vice não se restringirá ao Iplanfor. A conferir o peso que terá na gestão. Vale lembrar, até julho Élcio era secretário-chefe da Casa Civil do Estado. É a principal presença de Camilo na Prefeitura.

A novidade

Numa equipe de muita gente que já está na gestão, a novidade mais relevante, de maior impacto público, é a escolha do coronel Eduardo de Holanda, atual comandante geral do Corpo de Bombeiros do Ceará, para o comando da Segurança Cidadã. Ele despontou num momento de comoção, no desabamento do edifício Andréa, e fez trabalho reconhecido pela sociedade. Como provavelmente nenhum dos outros secretários. É quem tem maior respaldo público. A escolha, para além disso, tem o aspecto interessante de colocar alguém egresso dos Bombeiros para comandar a área de segurança. Tem muita relação com o papel que o Município tem a desempenhar nesse setor. A melhor sacada do prefeito eleito.

PSDB na Prefeitura

Olha que coisa, o PSDB irá estrear na Prefeitura de Fortaleza numa gestão de cuja eleição participou. O partido nunca antes apoiou um prefeito vitorioso na Capital — Ciro Gomes se elegeu em 1988 pelo PMDB. Ozires Pontes, filho do presidente do PSDB cearense, Luiz Pontes, será titular do Esporte e Lazer. Ele foi cotado para concorrer a prefeito de Massapê neste ano, mas acabou desistindo da disputa. A família é adversária de Zezinho Albuquerque (PDT) no Município.

Podcast Jogo Político:

Errei: a versão original da coluna mencionava que Ozires Pontes (PSDB) foi candidato a prefeito de Massapê, mas a candidatura não se concretizou.

Foto do Érico Firmo

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