Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O PT de Fortaleza decidiu na noite de ontem que fará oposição ao prefeito eleito José Sarto (PDT). É um problema para a administração que se inicia, do ponto de vista matemático — são três vereadores de oposição a mais — e mais ainda simbólico. O PT apoiou Sarto no segundo turno, mas o primeiro turno deixou muitas sequelas, sobretudo pela forma como a candidata petista Luizianne Lins foi escolhida como alvo. O fato de Sarto ter sido, após a agressiva primeira fase da campanha, recebido na sede da sigla no segundo turno causou mal-estar interno. Luizianne não fez gesto nenhum em direção ao pedetista.
Divisão interna
A decisão foi consensual entre os presentes e havia quórum para deliberar. Porém, os grupos internos do PT que são favoráveis à aliança com Sarto se ausentaram. As tendências do deputado federal José Guimarães (Construindo um Novo Brasil), do deputado federal José Airton Cirilo (Movimento PT) e os aliados do deputado estadual Acrísio Sena e do Professor Pinheiro não compareceram. Com apoio dos deputados estaduais Fernando Santana e Moisés Brás, esses grupos informaram que recorrerão ao Diretório Estadual para desfazer a decisão. Na reunião, já era perceptível a preocupação do presidente municipal, o vereador Guilherme Sampaio. Por esse motivo, o texto aprovado acabou sendo menos duro em relação a Sarto do que pretendiam alguns presentes.
Estava inclusive previsto que o presidente estadual Antônio Filho, o Conin, fizesse avaliação da eleição, mas ele também não compareceu. O presidente municipal e o estadual terão muitas questões a administrar. Há risco real de um grande racha político.
O PT contra Camilo
Ao ir para a oposição a Sarto, o PT de Fortaleza volta a contrariar o governador Camilo Santana. O POVO mostrou ontem que ele trabalhava pela aliança. E falou disso explicitamente em entrevista à rádio O POVO CBN. "Tenho procurado defender que temos muito mais convergências do que divergências, então nada mais natural do que termos, aqui na Capital, uma parceria", afirmou. Mais uma vez, como já foi na campanha e como havia sido em 2016, o PT não atende o governador.
Recurso ao Diretório Estadual tem consequências imprevisíveis
O recurso ao Diretório Estadual para forçar o entendimento com Sarto pode levar a um racha interno muito profundo. O efeito prático é duvidoso, pois os três vereadores eleitos pela legenda são do bloco crítico ao grupo Ferreira Gomes. É imaginável o partido enquadrá-los de forma a votar de forma diferente das convicções em todas as matérias? A polêmica é capaz de ser mais negativa que positiva para Sarto.
Nova trincheira de oposição
O PT na oposição torna a Câmara Municipal um problema para Sarto. O prefeito eleito deve ter entre 14 e 17 vereadores de oposição. Há o grupo de apoiadores de Capitão Wagner (Pros), à direita, comandado pelo Pros e que terá ainda o Republicanos, o PSC, provavelmente o Podemos, e mais dificilmente o PMB. Serão de 9 a 12 vereadores.
E haverá o bloco de oposição de esquerda, com dois vereadores do Psol e três do PT. Não é situação tranquila para a administração que se inicia. Sarto gosta de fazer política e terá de dedicar bastante energia a isso.
A Câmara, como escrevi em outra ocasião, será um barril de pólvora. Um primeiro teste já será na eleição da Mesa Diretora.
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