Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Jair Bolsonaro está frustrado, chateado mesmo. "O Brasil está quebrado, eu não consigo fazer nada", lamentou. Durante a campanha, o presidente listou seus pedidos à equipe econômica: "O que a gente quer: inflação baixa, dólar compatível para quem importa e exporta, taxa de juros um pouco mais baixa e não aumentar mais impostos. Só pedi coisa boa", disse em entrevista ao O Globo em 21 de julho. Nem vou aprofundar o que ele está entregando e o que não está dos pedidos. O dólar chegou a patamar que Paulo Guedes disse que seria alcançado se fosse feita muita besteira. A inflação, assim como juros, estão baixos. Mas, lembro do que disse o próprio Bolsonaro naquela ocasião, sobre o índice que já era reduzido. "Agora, é importante dizer que a inflação está muito mais baixa, não pelo trabalho da equipe econômica, mas sim pelo desemprego e empobrecimento da população."
Quando questionado a aprofundar seu pensamento econômico, Bolsonaro saiu-se com essa: "Esse é o bê-a-bá, precisa saber mais do que isso? Estou indo para o vestibular ou para campanha política?" Ora, ser presidente deveria ser uma seleção muito mais criteriosa do que um vestibular.
Mas, bem, é curioso a visão que Bolsonaro tinha do que seria governar. Imaginava fazer pedidos que a equipe econômica iria realizar. Pensava em mandar e as coisas acontecerem por ato de vontade. Não lhe ocorreu que precisava de trabalho, muito trabalho para viabilizar as coisas, fazer com que acontecessem. Não é só na canetada.
Governar exige construir as condições, com as decisões certas naquilo que está ao seu alcance. Com capacidade de articulação e coordenação naquilo que exige participação de outros atores. Construindo um ambiente saudável, de governabilidade. Nisso Bolsonaro é uma calamidade. Ele é o maior agente da própria ingovernabilidade. Depois se queixa que não consegue fazer nada.
Ele esperava o mandonismo, de as coisas serem do jeito que ele quer. Ele mandar e os outros obedecerem. De dar murro na mesa. Política não funciona assim.
Trailer de um filme assustador
Assustadoras as imagens do não reconhecimento do resultado eleitoral no País que se proclama maior democracia do mundo, que começou a redefinir o conceito de República. Um País de instituições das mais sólidas do planeta, acredita-se. Donald Trump adotou discurso incendiário, beligerante e delirante, insuflou a população. Não poderia dar em outra coisa. Em seu último ato, a melancólica despedida da Casa Branca tem como marca a desmoralização dos Estados Unidos. A ele pouco importa. É um agente do caos e se coloca acima do País e da democracia. Parabéns aos envolvidos.
Muita gente que não gosta dos Estados Unidos se divertiu com as cenas de república de fundo de quintal, daquelas que Washington vez em quando ajuda a desestabilizar.
O problema é que os problemas dos Estados Unidos nunca ficam restritos a ele. Pode até se dar bem sozinho, mas nunca se dá mal isoladamente. O que se viu ontem é o mais contundente atestado contemporâneo de avacalhação do jogo democrático. É um sinal para outras democracias. E um sinal para outros tantos populistas mundo afora de que resultados eleitorais podem ser contestados ao limite do disparate.
Imagine o que ocorreu nos Estados Unidos em um País de instituições menos sólidas e democracia menos amadurecida. Projetos de autocratas de retórica irresponsável, propagadores do caos, não faltam por aí.
O partido de Aníbal
Aníbal Gomes, diferentemente do que escrevi ontem, é do DEM, e não mais do MDB.
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