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Briga da direita em Fortaleza
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Briga da direita em Fortaleza

Tipo Opinião
Heitor Freire já foi aliado de Bolsonaro e hoje briga com bolsonaristas (Foto: Sandro Valentim, em 8 de março de 2020)
Foto: Sandro Valentim, em 8 de março de 2020 Heitor Freire já foi aliado de Bolsonaro e hoje briga com bolsonaristas

A eclética composição do secretariado de José Sarto (PDT) provocou uma crise, mas não na base governista. A oposição, dividida em diferentes alas, se engalfinha porque o irmão do deputado federal Heitor Freire (PSL), Leonardo Freire (PRTB), irá comandar a nova Regional 10, que inclui bairros como Mondubim. Heitor tem divergências com outros conservadores de Fortaleza desde 2019. Eleito deputado federal como representante de Jair Bolsonaro no Estado, ele logo se desentendeu com os deputados estaduais André Fernandes, que saiu do PSL para o Republicanos, e Delegado Cavalcante. O caso rendeu pesada troca de acusações. Pouco tempo depois, Bolsonaro rompeu com Freire. Uma novidade é o Capitão Wagner (Pros) entrar na briga. E ainda puxar o confronto, ao se posicionar nas redes sociais e marcar o perfil de Fernandes.

Antes da eleição, Wagner negociou para ter apoio do PSL de Freire e acreditou até estar perto disso. Na campanha, Freire reivindicou ser a verdadeira direita e bateu em Wagner, que guardou a resposta para agora. "As pessoas perguntavam: por que ele está batendo no Capitão? Taí a resposta: uma boquinha para o irmão ter a Regional 10", escreveu o Capitão.

Capitão Wagner (PROS)
Foto: BARBARA MOIRA
Capitão Wagner (PROS)

O fato de o irmão ser indicado para cargo na Prefeitura não necessariamente significa alguma coisa. Há exemplos de irmãos que não são propriamente alinhados politicamente. Ocorre que Leonardo estava ao lado de Freire na campanha, na mesma coligação. Então, existe uma afinidade. Se Heitor não foi eventualmente consultado, o prefeito Sarto não há de ter ignorado o parentesco e a recente aliança política na escolha. Nem Leonardo ao aceitar.

O secretário, ao O POVO, atribuiu a indicação ao seu currículo. Ora, nunca é apenas isso, convenhamos. Um filiado a um partido e irmão de deputado federal não chega a secretário apenas porque ele era, administrativamente, a pessoa mais qualificada para dirigir uma secretaria. A política existe e faz parte.

A história está só começando e será possível acompanhar a relação de Freire com a administração Sarto e com a oposição. Desde que se afastou de Bolsonaro, o deputado busca se viabilizar como ator político por outras frentes. O fato é que a direita no Ceará termina a segunda semana do ano em pé de guerra.

A despedida da mais velha entre os irmãos Fonsêca

Morreu na noite do último domingo Fátima Elizabeth Ferreira da Fonsêca, 78 anos, assistente social, servidora aposentada do Incra, militante do movimento estudantil, ex-presa política e personagem com relevante influência na história da esquerda do Ceará. Fatinha, como era conhecida, era a mais velha entre os 11 filhos de Manoel Rodrigues da Fonsêca e Maria Rocilda Ferreira da Fonsêca. Natural de Quixadá, mudou-se para Fortaleza para estudar, juntamente com a amiga e conterrânea Maria Luiza Fontenele. Fatinha estava ao lado de uma das irmãs, Rosa da Fonsêca, quando a mais jovem saiu de Quixadá para participar em Fortaleza de um protesto na primeira greve das muitas na trajetória dela. Era manifestação dos à época chamados professores licenciados. Fatinha era professora licenciada em Fortaleza e Rosa, à época, em Quixadá.

Em 1974, Fátima Elizabeth foi presa em Recife (PE), quando estava grávida de sete meses do primeiro filho. Ficou mais de 30 dias em cárcere clandestino e foi torturada. No mesmo local foram também torturados o irmão dela, Manoel Fonsêca, e a cunhada Iracema Serra Azul, entre muitos outros presos políticos. No fim de 1978, Fatinha foi inocentada no processo movido contra ela devido à sua militância de oposição à ditadura.

"Apesar do sofrimento, um sentimento profundo me alertava e me encorajava: o de que estávamos lutando uma luta justa contra a opressão, o medo, as desigualdades", disse ela em depoimento à Comissão da Anistia de Pernambuco, no processo em que o Estado reconheceu os danos morais e psicológicos decorrentes da prisão e das torturas.

 

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