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O pequeno mundo de Bolsonaro
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O pequeno mundo de Bolsonaro

Tipo Opinião
Bolsonaro governa com o repertório que tem (Foto: EVARISTO SA / AFP)
Foto: EVARISTO SA / AFP Bolsonaro governa com o repertório que tem

O Brasil teve outros presidentes militares. Muitos, aliás. Ele é o décimo, terceiro eleito pelo voto popular. Também teve presidentes com menos escolaridade. Ele concluiu ensino médio e em seguida cursou a Escola de Educação Física do Exército. A cada dia de governo, todavia, ele me dá a clara percepção de que o Brasil nunca teve chefe do Poder Executivo de visão tão restrita, limitada, pequena, medíocre. Bolsonaro indicou um general para assumir a Petrobras.

No meio da pandemia, quando não encontrava um médico para fazer o que ele queria no Ministério da Saúde, quem ele escolhe? Um general. Com problema na articulação política, quem ele coloca na Secretaria de Governo? General. Secretaria-geral? Também um general, posteriormente escolhido para ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Troca na Casa Civil, quem escolhe? General.

Na educação, depois de muitos desencontros, indicou um pastor que, na trajetória militar, chegou a 2º tenente. Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), escolheu um tenente-coronel reformado.

Isso falando só dos que entraram com o governo em andamento. No começo de administração, ele tinha mais militares no governo que a equipe de Castello Branco, no início do ciclo ditatorial de 1964. Além de pastas nas quais os militares teriam mais afinidade, como Defesa ou Segurança Institucional, eles estão também desde o início da gestão na Ciência e Tecnologia, Minas e Energia, Controladoria-Geral da União e Infraestrutura.

Por que Bolsonaro escolhe militares para áreas críticas, quando tem problema? Por que são mais competentes, disciplinados, honestos, capacitados? Pode até ser, mas não é por isso. Ele olha para as Forças Armadas por que esse é o mundo dele. É tudo que ele conhece. Aliás: a família e as Forças Armadas. Elas e mais a igreja resumem o mundo bolsonarista. Não tem outras referências, outro repertório. É tudo que ele conhece. É essa a perspectiva que tem do mundo e do Brasil. É estreita.

As pessoas escolhidas podem até ter aptidão, mas são escolhidas dentro de um leque exíguo, de uma visão miúda para um País do tamanho do Brasil. É pouco e medíocre.

O presidente não conhece a academia, a sociedade civil, os meios econômicos, jurídicos, técnicos, científicos. Sua rede de relações é tacanha, mirrada. Daí saem os instrumentos pelos quais governa. O resultado é o que se tem: limitado, pequeno, estreito, tacanho, medíocre Brasil de Bolsonaro.

Prefeito Sarto Nogueira
Foto: Divulgação
Prefeito Sarto Nogueira

Reforma da Previdência retirada

O prefeito José Sarto (PDT) retirou de pauta na Câmara Municipal de Fortaleza as duas mensagens que instituem a reforma da previdência na Capital. A proposta será rediscutida com os servidores ao longo da semana e um novo texto deverá ser encaminhado na segunda-feira que vem.

Considero uma positiva correção de rumos depois de um início equivocado. As mensagens, em assunto tão sério quanto a aposentadoria das pessoas, chegaram numa terça-feira e foram votadas já na quarta em primeira discussão. Independentemente do mérito da proposta, o método está errado. O assunto precisa ser dialogado de forma franca e transparente.

O prefeito acerta ao voltar atrás. Muita gente vê em recuos sinais de fraqueza. Em muitas ocasiões, a pretexto de se demonstrar força, são cometidos gestos de autoritarismo.

Ceder quando se percebe um erro que quase ia ser cometido pode ser uma virtude. Na coluna de 9 de abril de 2019, quando Ricardo Vélez deixou o Ministério da Educação, escrevi que o grande legado dele eram os recuos, os erros que deixou de cometer.

Não acho que Sarto chegará a acordo que deixará os servidores satisfeitos. A reforma será aprovada, e sofrerá protestos do mesmo jeito. Não importa, o correto é dialogar. Nesses primeiros passos ele constrói o perfil que terá sua administração.

 Leia também | Reforma da Previdência de Fortaleza sai de pauta em acordo com servidores

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