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Lula será candidato?
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Lula será candidato?

Tipo Opinião
Presidente Bolsonaro e ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Foto: Carolina Antunes/PR)
Foto: Carolina Antunes/PR Presidente Bolsonaro e ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro

Em agosto de 2017, a Justiça proibiu a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) de conceder título de doutor honoris causa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pouco tempo depois, conversando com um graduado membro do grupo Ferreira Gomes, perguntei se ele acreditava que Lula conseguiria ser candidato em 2018, ao que ele respondeu: "Não estão deixando nem ele receber título de doutor honoris causa".

Aquele era o cenário de 2017/2018. O ambiente político era muito diferente. Lula estava politicamente esquálido. Sergio Moro, por sua vez, era onipotente. Quem imaginaria, dois anos atrás, que a operação Lava Jato conheceria seu fim, de cima para baixo, sem que houvesse protestos, sem que vozes se levantassem, sem o tilintar das panelas, sem camisas da seleção brasileira na Praça Portugal? Pois em 1º de fevereiro, a Procuradoria Geral da República (PGR) anunciou que a força-tarefa da Lava Jato estava dissolvida. Passaria a integrar o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Naquela noite, o centrão, mais numeroso alvo da Lava Jato, elegeu Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara dos Deputados, mas talvez uma coisa não tenha nada a ver com a outra. Lira foi eleito com as bênçãos de Bolsonaro.

Bolsonaro que disse em outubro do ano passado que acabou com a Lava Jato. Isso porque a corrupção no Governo Federal tinha acabado. Não tinha mais trabalho para a Lava Jato fazer. Em 2018, o candidato que dissesse que acabaria com a Lava Jato, mesmo de brincadeira, seria no máximo eleito deputado federal de baixo clero.

Moro era a personalidade mais paparicada do Brasil. Era capa de revistas como pessoa do ano. Cotado para concorrer a presidente, dizia não ter intenção de ser político. No fim de 2018 aceitou virar ministro de Bolsonaro. Superministro, de um ministério que reuniu Justiça e Segurança Pública. Hoje, um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) toma a decisão extrema de anular as condenações de Lula, no que foi recebido como tentativa de proteger Moro e o espólio da Lava Jato. Se vai conseguir ainda não se sabe. As chances parecem mais contra que a favor dele.

Sim, mas e o Lula? Vai ser candidato? Neste 2021, a possibilidade de o petista poder ser candidato em 2022 é muito maior do que, em 2017, se projetava para 2018. Isso quer dizer que ele será candidato? Não.

No Brasil de Jair Bolsonaro e da pandemia — necessariamente não nesta ordem — o intervalo de um mês é longo demais para projeções com ares definitivos. Do começo da semana para cá, as coisas mudaram demais. Daqui para lá, muita coisa pode acontecer. A decisão pode ser revista em algum dos recursos. Pode haver nova condenação, mas não é provável. Condenar Lula envolveu esforço e desgaste. Pode ocorrer de novo, mas parece mover novamente a pedra para o alto da montanha.

A impressão é que não há mais a mesma estrutura e a vontade institucional para impedir Lula de ser candidato. O que não quer dizer que não possa se reorganizar.

Dois julgadores

Julgamento de ontem no STF tinha Moro sob os holofotes, um julgador que parecia disposto a atingi-lo — Gilmar Mendes — e o outro empenhado em protegê-lo — Edson Fachin. Não é papel a que se preste juiz de interior, que dirá ministro do Supremo.

O indicado

É significativa a possibilidade de a decisão caber ao ministro Nunes Marques, o indicado de Bolsonaro. Será que ele decidirá a favor do novo inimigo do presidente (Moro) ou do antigo inimigo (Lula)?

 

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