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Lula acerta contas com passado e olha para o futuro
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Lula acerta contas com passado e olha para o futuro

Os recados no pronunciamento do ex-presidente
Tipo Opinião

No longo pronunciamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele cumpriu um script completo. O ponto de partida foi a defesa da própria inocência, as críticas a Lava Jato, ao ex-juiz Sergio Moro, ao procurador Deltan Dallagnol e à força-tarefa encerrada. Comemorou a anulação das condenações como atestado de que sempre teve razão. Esse tem sido o cerne do discurso do PT desde 2016. Essa era a parte mais óbvia, a razão de ser de estar ali. Ele e seus aliados estão de alma lavada e isso é compreensível.

Lula também olhou para a frente. Olhou para 2022. O discurso foi muito de candidato. Aliás, foi uma plataforma completa. Fez a crítica ao atual governo, de forma dura. E sinalizou o que faria no lugar.

Talvez o aspecto mais importante do discurso tenha sido a série de acenos. Lula adotou postura de candidato e já busca construir pontes para a montagem de uma aliança. Deu sinalizações às Forças Armadas, aos empresários, aos policiais, às igrejas. Aos principais focos de resistência a ele.

Caminho da moderação

Lula deixa claro que entende que o caminho para derrotar Jair Bolsonaro é conquistar o apoio de quem resiste a ele. Mostrar-se uma opção menos heterodoxa. Sinalizou diálogo contra o radicalismo.

O presidente da República respondeu da mesma maneira. Colocou até máscara. Iniciou ofensiva para emplacar a imagem de que defende a vacina. Há quem diga que ele vai até se vacinar, olha que gesto de desprendimento.

Há um eleitor de Lula que não vota em Bolsonaro e um eleitor de Bolsonaro que não vota em Lula. A se confirmar essa como a disputa de 2022, decidirá o vitorioso o eleitor que está entre os dois. É esse voto que os dois já buscam.

Setores divergem de Bolsonaro na forma e de Lula nos fundamentos

Lula falou de quando foi eleito em 2002. Ele olha para o "Lulinha paz e amor". O tempo e os receios em relação a ele são outros. Não há mais a pecha da falta de experiência. Em relação à economia, durante os primeiros anos de governo petista, a condução foi alinhada com o que os mercados esperariam. A partir do fim do governo Lula e ao longo do governo Dilma Rousseff (PT), a postura mudou. A própria Dilma reconheceu erros. E o fato é que o desenrolar de uma profunda crise econômica com marcas até hoje deixou, na percepção dos mercados, uma imagem profundamente negativa das administrações petistas, de incompetência e, sobretudo, visão ideológica na gestão que é contrária ao que eles defendem.

Não sei até que ponto está claro para Lula que ele precisará, se quiser ter ao menos a tolerância desses segmentos, reconquistar a confiança deles. No empresariado e entres muitos liberais e conservadores, há certo espanto com o presidente Jair Bolsonaro, mais pela forma que propriamente pelos fundamentos do que faz.

Com Lula é diferente. A divergência é ideológica.

Tragédias

O Ceará superou a marca de 12 mil mortes por Covid-19. Uma descomunal tragédia. No Brasil, foram computadas ontem 2.286 mortes. O recorde até hoje.

Conter essa calamidade é uma questão pública, social, política e humanitária no Brasil que precisa estar acima de qualquer outra.

 

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