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Morre Aécio de Borba, o homem que é nome de ginásio e quase foi governador
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Morre Aécio de Borba, o homem que é nome de ginásio e quase foi governador

Ele era o favorito para ser governador, mas foi preterido em um ponto de virada da história cearense
Tipo Notícia
Aécio de Borba, ex-deputado que quase foi governador (Foto: EDIMAR SOARES)
Foto: EDIMAR SOARES Aécio de Borba, ex-deputado que quase foi governador

Morreu na manhã desta quarta-feira, a duas semanas de completar 90 anos, o ex-deputado estadual, ex-deputado federal e ex-vice-prefeito de Fortaleza Aécio de Borba. A maioria das pessoas deve associar o nome ao ginásio vizinho ao estádio Presidente Vargas. Aécio foi fundador e, por décadas, presidente da Confederação Brasileira de Futebol de Salão (depois Futsal). E quase foi governador do Ceará.

Leia aqui a entrevista de Aécio de Borba às Páginas Azuis

Começou na política pela UDN e terminou no PPB, atual Progressistas. Foi secretário dos dois governos Virgílio Távora. No segundo, era uma espécie de coordenador do secretariado. Era o nome que Virgílio queria fazer sucessor, em 1982. Mas, naquela época, o Estado tinha o poder dividido entre três coronéis. Além de Virgílio, Adauto Bezerra e César Cals. O destino do Estado foi decidido no famoso "acordo de Brasília", um dos momentos cruciais da história cearense.

Havia impasse entre os três coronéis. O ministro-chefe da Casa Civil era José Leitão de Abreu, que Elio Gaspari definiu como o mais poderoso da história republicana. Ele tentava contornar o impasse, mas estava apressado para viajar ao Rio Grande do Sul, para o sepultamento de um renomado desembargador. Ele perguntou quem era o indicado de Virgílio, que citou Aécio. Consultou Adauto, que colocou a si como candidato. Cals, que tinha menos força na época, indicou Wilson Gonçalves.

A hora do embarque de Leitão de Abreu se aproximava e não havia solução. Ele precisava costurar um acordo e perguntou se Virgílio tinha um nome alternativo. Foi quando foi mencionado Gonzaga Mota. Leitão perguntou se algum dos dois tinha algo contra Gonzaga. Adauto e Cals responderam que não. Então, o ministro disse que estava resolvido, Adauto indicaria o vice e Cals escolheria o prefeito de Fortaleza. E Leitão foi ao funeral.

Aquela foi a primeira eleição direta para governador desde o golpe de 1964 e o poder dos coronéis era absoluto. Gonzaga teve o maior percentual de votos até a eleição de 2018, quando foi superado por Camilo Santana. Em 1982, o adversário derrotado foi Mauro Benevides, cunhado de Aécio.

Gonzaga Mota acabaria rompendo com os coronéis e lançando Tasso Jereissati a governador. O pacto dos coronéis em Brasília, quando Aécio de Borba foi preterido, foi o ponto de virada na história do Estado, quando começou a surgir o Ceará de hoje.

Aécio era filho de José de Borba Vasconcelos, que foi deputado federal constituinte em 1934 e 1946. Aécio foi constituinte em 1988.

Uma curiosidade: na entrevista de Gonzaga Mota às Páginas Azuis do O POVO, o governador, admitindo a hipótese de ter sido traído pela memória, dizia acreditar que a definição de que ele seria o candidato a governador teria se dado num dia 24 de março. O dia em que Aécio de Borba veio a falecer.

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