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Governantes podem responder por improbidade devido a atraso de 2ª dose
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Governantes podem responder por improbidade devido a atraso de 2ª dose

O que não faltam são pessoas a responsabilizar pela falta de vacina para a segunda dose
Tipo Opinião
Centro de Eventos voltou a ter filas de pessoas em busca de segunda dose (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Centro de Eventos voltou a ter filas de pessoas em busca de segunda dose

Em decisão tomada ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski disse que agentes públicos podem responder por improbidade administrativa em função do atraso da segunda dose de vacina contra Covid-19. O recado foi direcionado a prefeitos e governadores e justifica muita gente no Ceará estar preocupada. Os atrasos ocorrem na Capital e em alguns dos maiores municípios do Estado. As poucas doses de Coronavac que estão chegando ou previstas até o fim da semana não suprem a demanda. A bola de neve dos atrasos cresce dia a dia.

Que alguém tem muitas satisfações a dar não tenho dúvida. Aliás, as responsabilidades são muitas. Ontem, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) mandou o Governo Federal enviar 49 mil doses de Coronavac para as segundas doses em atraso. Não dá nem para suprir os atrasos acumulados. Mas, esbarra em um inconveniente: não existem tais vacinas no Brasil.

O TRF5 estabeleceu multa de R$ 100 mil por dia de atraso. É bom os alvos começarem a coçar os bolsos.
Aliás, nessa questão de multa e improbidade administrativa, já vejo o jogo de empurra que, imagino, jogará para longe a necessária responsabilização.

Prefeituras aplicaram as doses, com aval dos estados, sob orientação do Ministério da Saúde, que tinha garantia de entrega pelo Butantan. Ocorre que os insumos que vêm da China atrasaram. A cadeia se rompeu. Idosos estão sem vacina.

Parece-me óbvio que faltou precaução. Ninguém imaginou que poderia haver problemas? O Ministério foi e voltou com a orientação. E, prefeitos e governadores não imaginaram que poderia haver problemas?
São tantos absurdos que se somam que esse parece mais um. A falta de vacinas que prejudica a imunização, provoca filas e aflição nas famílias não é coisa banal.

Congestionamento em busca de vacinas no Centro de Eventos:

Onde estão?

Não sei se chegou para vocês. Há algumas semanas circulavam uns vídeos acusando prefeitos e o governador Camilo Santana (PT) de proibirem as vacinas de serem aplicadas. Seria um plano maquiavélico para prejudicar o Jair Bolsonaro. As doses que deveriam estar guardadas eram a reserva para a segunda dose. Hoje está evidente que o que faltou foi armazenar vacinas. Onde estão agora os que fizeram as “denúncias”?

A saúde deles e a nossa

O POVO mostrou domingo que avança na União Europeia o debate sobre a exportações de agrotóxicos que lá são proibidos, mas são permitidos no Brasil. Do outro lado do Atlântico, discute-se a hipocrisia: como pode um mercado produtor vender para outros aquilo que considera maléfico para sua população? Não se trata de um ou outro. Em torno de um em cada três pesticidas usados no Brasil é proibido na UE.

Eticamente é uma excrescência que países vendam a outros povos substâncias sobre as quais há enorme quantidade de notificações de reações adversas. Que são motivos de pesadas indenizações determinadas pelo judiciário desses países.

Mas, uma excrescência, mesmo, é que governos de outros países debatam produtos prejudiciais que nos vendem, e esse mesmo debate não ocorra do lado de cá do Atlântico. Que eles discutam o impacto para nossa saúde, e nós não. Há uma questão ética para eles. E há interesses práticos, diretos da nossa população, que nos envolvem.

Pacientes vocês, viu

O anúncio da morte de Osama bin Laden completou dez anos no domingo, o que me lembrou que ontem, portanto, fez dez anos que passei a escrever diariamente neste espaço. Foi um dia depois de Bin Laden morrer, o que me obrigou a mudar tudo o que tinha planejado para a primeira coluna. Obrigado ao O POVO pela confiança e liberdade editorial e a vocês, leitores, pela paciência.

Ouça o podcast Jogo Político:

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