Copa América: celebração macabra de meio milhão de mortos
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Há mais de um ano, no dia em que o Brasil chegou a 10 mil mortes por Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que faria um churrasco. A celebração macabra agora ganha pompa.
Local adequado
Aliás, não haveria sede mais adequada para esta Copa América. Tem tudo a ver. Aliás, pode até se mostrar um experimento ideal das teses do governo Jair Bolsonaro. Como, ao que tudo indica, foi Manaus.
Quem sedia e quem aceita vir
O que me admira, em absoluto, não é o Brasil receber a Copa América. O que me admira é os outros países que aceitarem vir a um país que é laboratório de variantes.
Terra onde pode tudo
O Brasil foi em socorro da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), que não achava quem aceitasse sediar a Copa América. Colômbia havia desistido diante da situação de colapso social. A Argentina não aceitou receber o torneio por causa do agravamento da situação da Covid-19. Falou-se em Equador, Chile, Venezuela ou mesmo levar a competição para os Estados Unidos. Acabou no Brasil. Ao menos pelo que anunciou a Conmebol. O governo brasileiro informou que faltam definições.
Torneio furreca
O futebol retornou antes do que deveria em todos os torneios. Vídeos de atletas foram flagrantes de uma pequena amostra de como protocolos tidos como modelo são descumpridos. Não à toa são vários os times acometidos por surtos, afetando os resultados dos campeonatos. As competições internacionais são piores ainda. Têm ocorrido, inclusive com jogos da Sul-Americana no Castelão. Esses jogos não deveriam ocorrer. São ameaça real de transportar o vírus pelo continente.
Se é ruim os times viajarem, jogarem e irem embora, o que dirá delegações virem de outros países, com atletas vindos de vários continentes, para disputar uma competição que durará um mês, que terá jogos em várias sedes e será integralmente disputada no País.
E tem mais uma coisa. Tudo isso para disputar a Copa América. A secular Copa América, mas que tem sido enxovalhada, desvalorizada pelos próprios organizadores. Para a qual as principais seleções muitas vezes não mandam os maiores astros — lembra aquela histórica Copa América do gol de Adriano no fim? Ali eram os reservas do Brasil. Por isso não estavam Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e por aí vai.
O futebol de clubes, embora também de discutível realização, ainda vá lá que envolve times que tem grande número de funcionários e movimentam uma economia. As seleções, não. As seleções desfalcam os clubes, que pagam os salários.
O Brasil aceita receber um evento internacional no meio da pandemia, e se trata de um torneio cuja relevância é cada vez menor. Se fosse cancelado, não faria falta a ninguém — salvo pelos contratos da Conmebol e que explicam tudo mais.
E Camilo?
Vários estados se manifestaram sobre sediar a Copa América. Uns demonstrando interesse, outros, como Pernambuco, Rio Grande do Norte e Minas Gerais, descartando. Bahia e São Paulo falam de ter jogos sobre certas condições. Até o fechamento desta coluna, o Governo do Ceará não havia se manifestado.
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