Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Ninguém venha me dizer que ele respondeu à altura. Laurente foi incisiva, mas não faltou com a educação com ele. Já o presidente foi ridículo, violento, descompensado
No País de meio milhão de mortos, temos um presidente da República descontrolado. Até hoje ele não entendeu que deve satisfação ao povo que o elegeu e que ele tem o dever de governar. O bonito não quer ser cobrado, não quer dar satisfação mesmo diante do mais completo descalabro. Diante de questionamentos da repórter Laurene Santos — duro, contundente, mas absolutamente pertinente, o presidente mostrou-se, mais uma vez, descompensado. Ninguém venha me dizer que ele respondeu à altura. Laurente foi incisiva, mas não faltou com a educação com ele. Já o presidente foi ridículo, violento. E covarde, mais uma vez. Bolsonaro é o típico machão que age de forma repetidamente covarde. Grosseiro ele é sempre, mas é mais agressivo com mulheres.
Em abril deste ano, reagiu a pergunta da jornalista Driele Veiga sobre foto na qual fazia apologia a mortes cometidas por policiais — uma alusão ao jargão "CPF cancelado". "Não tem o que perguntar? Deixa de ser idiota", disse ele.
Há vários outros casos, de vários modos. Há quando tenta se esquivar das perguntas parecendo ser amoroso, mas é machista e assediador. Como quando tentou se esquivar de pergunta da repórter Sylvia Colombo, em junho de 2019, afirmando ser "apaixonado por ela". Sobre Patrícia Campos Mello, fez insinuação sexual abjeta e baixa, coisa de menino do buchão: "Ela queria dar o furo". Foi condenado a indenizá-la.
Bolsonaro, o descontrolado
Bolsonaro não tem preparo para ser presidente, não tem conhecimento para a função e não tem tampouco compostura para o cargo que ocupa. O Brasil já teve presidentes sem preparo, conhecimento e compostura, mas nunca essas defasagens foram tão grandes e convergentes. As preocupantes imagens de ontem mostram um homem fora de controle. O Brasil mais uma vez é a chacota do mundo. Um presidente reagindo daquela maneira, arrancando a máscara num País de meio milhão de mortos.
Bolsonaro, o acuado
Bolsonaro é grosseiro e deseducado, mas a reação de ontem mostra algo além. É o comportamento de um homem nervoso, preocupado e acuado. Isso fica patente, mais que em qualquer momento, quando ele se vira para alguém que fala ao fundo e diz: “Dá pra calar a boca aí atrás, por favor.” Obviamente, ele explodiu com a pergunta de Laurene, mas aquele momento mostra que a irritação dele vai além dela. Ele já estava nervoso.
A razão para isso é difícil de dizer com certeza. Pode, sei lá, ser algo pelo que passa na vida pessoal. Mas, na dimensão pública, há vários possíveis motivos para esse Bolsonaro explosivo: a CPI da Covid no encalço dele e de seus aliados, os grandes protestos de rua e algo sobre o que ele recorrentemente fala: a perspectiva de ter o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como adversário nas urnas.
A Copa América da Covid-19
A Copa América, que outros países renegaram e o Brasil inexplicavelmente e sem nada a ganhar decidiu receber, tem 140 casos confirmados de Covid-19. “De fato, apenas 140 testes foram positivos”, manifestou-se pateticamente a Conmebol. Sabe quantos casos teve na Eurocopa? Dois. Na Copa América, “apenas 140”. Ah, vá.
O pior: a Conmebol informa que a maior parte das vítimas de Covid-19 na Copa América são trabalhadores, membros de delegações e pessoal terceirizado. A parte mais frágil, como sempre.
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