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Duas definições cruciais sobre a eleição no Ceará
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Duas definições cruciais sobre a eleição no Ceará

Indicativos de Lula e Cid Gomes apontam que PT não será problema para a candidatura do PDT ao Governo do Estado no ano que vem, e nome deve ser mesmo de Roberto Cláudio. Isso se nada mudar...
Tipo Opinião
Lula em um dos momentos nos quais esteve ao lado de Camilo (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Lula em um dos momentos nos quais esteve ao lado de Camilo

Os últimos dias trouxeram respostas que soam quase definitivas para duas das principais questões dentro da base aliada do Governo do Estado. Uma é sobre o palanque de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Ceará. A outra sobre o candidato governista. Sobre a segunda pergunta, Cid Gomes (PDT) deu a mais nítida sinalização de que o nome deverá de fato ser Roberto Cláudio (PDT). E, o PT aceitará abrir mão do controle de um Estado que governa para apoiar um correligionário de Ciro Gomes (PDT), adversário cada vez mais agressivo? A postura de Lula dá a resposta: no Ceará, será feito o que o governador Camilo Santana (PT) decidir.

Um Camilo mais petista e com as bênçãos de Lula

Mais Ferreira Gomes dos petistas, Camilo nunca foi tão PT quanto na visita de Lula. O ex-presidente foi a vários compromissos com o governador a tiracolo. Disse que Camilo está “com cara de senador”. A candidatura ao Senado significa quase que necessariamente abrir mão de lançar nome ao Governo do Estado. E o nome a preencher o espaço seria do PDT. Lula afagou Camilo pessoalmente, sinalizou na direção política que o governador pretende, mas, sobretudo, portou-se de modo a demonstrar que a condução da eleição no Ceará será dada pelo dirigente do Palácio da Abolição. Isso assegura a aliança com os Ferreira Gomes.

O indicativo de candidato

Já comentei aqui a declaração de Cid Gomes (PDT) apontando Roberto Cláudio como melhor candidato do PDT, aquele de melhor desempenho em pesquisas internas. A primeira sinalização nesse sentido havia sido dada por Ciro Gomes (PDT), em entrevista a Guálter George mas Páginas Azuis, no começo de 2017. Falava de Roberto Cláudio como predileto na fila. Muita água transcorreu desde então. Quando se observa as declarações dos irmãos, separadas por quatro anos, constata-se que a opção por RC não é de agora, não é arroubo e é consolidada.

Não tem perigo de mudar? Sempre tem. É de política que estamos a falar. Porém, está evidente que a perspectiva de Roberto Cláudio ser candidato a governador é uma vontade não apenas dele próprio, mas também dos irmãos que comandam o grupo. Assim sendo, tem tudo para ser ele, se não cometer erro dos grandes, se não aparecer grande surpresa.

Se nada mudar, mas as coisas mudam...

Portanto, se nada mudar, PT e PDT seguirão aliados no Ceará para as urnas em 2022, independentemente da disputa nacional entre Lula e Ciro.

Se nada mudar, o candidato será Roberto Cláudio. Do outro lado, disputará pela oposição Capitão Wagner (Pros). Esse é o cenário que se indica para o ano que vem.

Olha, desde a redemocratização não me recordo de eleição no Ceará ter panorama geral definido tão antes. É tanto tempo que se torna difícil imaginar que não haverá imprevistos até lá.

Pois, como disse, esse é o cenário se nada mudar. Mas, uma das raras certezas na política é que as coisas mudam.

Os palanques

A questão que a expressiva ala do PT que não tolera os Ferreira Gomes coloca é: como fica o palanque de Lula no Ceará? Se o candidato a governador da aliança for alguém do partido de Ciro? Mais que isso, alguém muito próximo de Ciro?

Lula não pareceu muito preocupado com isso. Mas, Roberto Cláudio ou quem quer que seja o candidato terá de lidar com a situação. Vale lembrar a postura de Camilo em 2018, em situação muito parecida. E fez campanha indistintamente para Ciro e Fernando Haddad (PT). Em quem votou, questionado outro dia, riu meio sem jeito: "O voto é secreto."

O malabarismo deve ser o caminho em 2022. Ocorre que, naquela época, não havia ofensas contra um e outro, como hoje ocorre da parte de Ciro em relação a Lula. A hostilidade nacional do pedetista pode ser um desses ingredientes capazes de mudar a situação no Ceará.

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