Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Romildo Rolim foi exonerado do comando do Banco do Nordeste, o cargo federal mais cobiçado da região. Ele vinha no cargo desde o governo Michel Temer (MDB). Coisa rara, chegou a cair e conseguiu voltar dias depois. A saída ocorre em meio à pressão do centrão para indicar o sucessor. Por enquanto, assume o diretor de negócios, Anderson Possa.
O estopim da queda de Rolim foi a pressão do presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, que cobrou a demissão da diretoria toda. Costa Neto foi uma das personagens mais proeminentes do escândalo do mensalão, pelo qual chegou a ser preso. Ele ronda o BNB há mais de ano. Foi apontado como um dos padrinhos da indicação de Alexandre Borges Cabral, que foi nomeado em um dia e exonerado no outro da presidência do banco, no ano passado. Caiu depois que se soube que era investigado por suspeitas sobre a gestão dele na Casa da Moeda.
Valdemar é paulistano. Chega a ser comovente a preocupação que tem com uma instituição de fomento dos nordestinos. A questão é que o BNB é um naco valioso do orçamento federal. Sempre foi disputado a tapa por políticos nordestinos, e hoje é pelos de fora. Há um filão em particular envolvido: microcrédito.
Certamente, poucas despesas públicas chegam a tanta gente com tão pouco gasto e efeitos tão duradouros. Um gasto bilionário que se pulveriza em empréstimos com valor médio em torno de R$ 3 mil. Dinheiro que vai para mercearias, pequenos salões de beleza, feirantes, ambulantes... Toda sorte de negócio de pequeno porte. E faz diferença. E são empréstimos que, em regra, retornam. O índice de calote desses segmentos é baixo. O microcrédito do BNB é uma das políticas públicas mais bem-sucedidas do País. A disputa não é à toa.
Na equipe econômica, entretanto, o BNB não é bem visto, ou não era.
O papel do BNB
Paulo Guedes não é propriamente entusiasta de instituições de fomento. Quando se trata de um banco de fomento de viés regional, ele deve ter arrepios. No começo do mandato do presidente Jair Bolsonaro, Guedes sinalizou a governadores do Nordeste intenção de fundir o BNB com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). São instituições de naturezas diversas. O BNDES deve financiar os grandes empreendimentos — inclusive no Nordeste. O BNB deve financiar os pequenos. Durante parte de sua história, o Banco do Nordeste era o financiador dos grandes do Nordeste, enquanto o BNDES financiava os grandes do Sudeste e do Sul.
O que hoje está claro é que o governo Bolsonaro não irá acabar com o BNB. Não irá fundi-lo. Nem irá privatizá-lo, como se cogitou. Não estou bem certo se isso é em função da importância do banco para a região ou porque ele é muito valioso para atender a voracidade de aliados em busca de cargos.
Candidato de Tasso não quer chapa de Ciro
O governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) rechaçou a hipótese de ser vice de Ciro Gomes (PDT) nas eleições do ano que vem. A especulação, aqui comentada ontem, surgiu a partir do apoio de Tasso Jereissati a ele — Tasso é velho aliado de Ciro. Mas, Leite rechaçou e cutucou o ex-governador cearense. “Não faz o menor sentido eu renunciar ao meu mandato de governador do Rio Grande do Sul para ser candidato a vice, ainda mais de um candidato que se apresenta pela quarta vez na disputa e tem dificuldades de decolar”, afirmou segundo a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
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