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Um tesouro pega fogo e a fumaça é esfregada na cara dos fortalezenses
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Um tesouro pega fogo e a fumaça é esfregada na cara dos fortalezenses

Incêndios no Cocó são uma constante e pouca gente liga. Ontem, a dimensão do fogo fez a fumaça se espalhar por vários bairros, esfregando o desastre ambiental na cara da população, sendo impossível ignorar
Tipo Opinião
Bombeiros tentam debelar focos de incêndio no Parque do Cocó, na quinta-feira, 18 de novembro (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Bombeiros tentam debelar focos de incêndio no Parque do Cocó, na quinta-feira, 18 de novembro

Incêndio no Parque do Cocó é uma tragédia para Fortaleza. Uma tragédia repetitiva. Dos prédios do Papicu ao São João do Tauape, não é raro o horizonte tomado por fumaça. Mas, não da proporção do que se viu entre a quarta e a quinta-feira. O Cocó é um patrimônio vilipendiado de maneiras diversas, cercado por construções e por proprietários que tentam construir mais em áreas protegidas. Nesta época seca do ano, as queimadas são comuns. Fogo surgir em vários pontos distintos é suspeito e precisa ser investigado.

O Cocó é alvo de constantes agressões e pouca gente liga. Alguns abnegados denunciam e lutam constantemente. De quando em vez, conseguem dar visibilidade e há clamores isolados. Este momento pode ser mais um deles. Um tesouro vai sendo destruído e se assiste como se não fosse nada.

Na manhã de ontem, não era possível ignorar o descalabro. A destruição foi esfregada na cara de grande parte da Capital, que acordou coberta de fumaça. A situação é atípica. O número de incêndios e queimadas em Fortaleza é grande, mas não me recordo de a fumaça ter tal alcance. Eram muitos os bairros atingidos. Moro no Damas, perto da avenida João Pessoa. Ontem de manhã, o cheiro de fumaça estava grande nas redondezas. Pensei até que o vizinho estava fazendo churrasco. Não era, nem vi fogo pelas proximidades. Se era do Cocó, se viria tão longe, não sei dizer.

Sei que Fortaleza amanheceu com cheiro de fumaça. Em alguns lugares, irrespirável a ponto de ser impossível permanecer nas casas. A tragédia quase rotineira se tornou impossível de ignorar porque a fumaça era esfregada em nossas caras.

Para Fortaleza, o Cocó não é menos que um Museu Nacional, que uma Notre Dame. O meio ambiente não é menos que o patrimônio histórico, ambos tão vilipendiados. Mas, se a fumaça não se espalha, invade casas e perturba narinas, muitos nem damos por isso.

Dia da Bandeira e uma vitória de Bolsonaro

O Dia da Bandeira, comemorado hoje, marca a data em que foi adotada a bandeira brasileira nos atuais moldes. Da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, até o dia 19 daquele ano, foi usada uma bandeira que imita a dos Estados Unidos, mas nas cores verde e amarela. Depois de quatro dias, chegou-se ao atual formato.

A bandeira brasileira tornou-se hoje objeto de intensa disputa política. Ostentá-la na janela de casa ou no carro é símbolo de alinhamento ao bolsonarismo. O mesmo ocorre com a camisa da seleção brasileira de futebol, da CBF. A estigmatização desses símbolos é uma derrota para os opositores do presidente, enquanto os apoiadores abraçam-nos sem pestanejar.

A bandeira e a camisa da seleção são marcas poderosas, reconhecidas internacionalmente. Tem adesão em vários campos da sociedade. Não à toa, há iniciativas de oposição que tentam se reapropriar das cores e das marcas. Elas são muito referenciadas para serem associadas a uma ideologia ou campo político.

Aliás, sobre as cores, é simpática a história que se conta para crianças que o verde é relacionado às matas verdejantes — essas que são vítimas de queimadas — e o amarelo faz alusão ao ouro que foi levado pelos colonizadores portugueses. As cores, na verdade, remetem ao Brasil monárquico. O verde representa a casa de Bragança, família real portuguesa. O amarelo é a cor da casa Habsburgo-Lorena, de origem austríaca, família da imperatriz Leopoldina.

Foto do Érico Firmo

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