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Caso Ronivaldo: atuação pública e vida privada
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Caso Ronivaldo: atuação pública e vida privada

O fato de Ronivaldo, na vida pública, combater a violência contra mulher não torna menos grave o crime do qual é acusado. Torna mais grave
Tipo Opinião
Bolsonaro em novo partido e, como sempre, com discurso de palanque eleitoral (Foto: EVARISTO SA/AFP)
Foto: EVARISTO SA/AFP Bolsonaro em novo partido e, como sempre, com discurso de palanque eleitoral

O vereador Ronivaldo Maia (PT), preso acusado de tentativa de feminicídio, tem histórico na política de defesa da mulher e contra a violência doméstica, conforme salientou a primeira nota emitida pelo gabinete após a detenção. Os detalhes conhecidos da denúncia contra ele são chocantes. Longe, muito longe de atenuar a acusação contra o vereador, o histórico é agravante. É motivo para ele ser ainda mais cobrado. Uma vez que ele conhece a temática, faz disso plataforma de atuação pública e obtém dividendos políticos por isso, a ocorrência de violência contra a mulher cometida por ele é ainda mais grave do que já seria se cometida por qualquer homem. Afinal, o desmate de uma área verde não é menos grave se for cometido por um ambientalista. É pior.

Violência contra mulher, ainda mais quando chega ao patamar da tentativa de feminicídio, é sempre inaceitável. Quando parte de uma pessoa com mandato público, a situação já gravíssima fica ainda pior. No caso de Ronivaldo é particularmente surpreendente pela trajetória dele: projetou-se na política e obteve mandatos com apoio da deputada federal Luizianne Lins (PT), cuja atuação na defesa das mulheres é um pilar da história pública.

Luizianne manifestou irrestrita solidariedade à vítima, condenou qualquer forma de violência contra a mulher, mas destacou a trajetória de Ronivaldo e pediu respeito ao direito de defesa do vereador. Tudo correto, dentro do normal e do esperado. Imaginava eu, porém, da parte de Luizianne e pela história dela, talvez maior contundência quando a acusação de algo tão grave atinge um aliado tão próximo. Obviamente, justamente pela proximidade não é algo simples ou fácil.

Impacto político para Luizianne

Nada mais importante neste momento que o cuidado e a atenção com a vítima. Além disso, a investigação deve ser rigorosa. Como todas as pessoas, o vereador tem direito à ampla defesa. Pensar nas repercussões políticas é o que menos importa agora. Porém, é o papel deste espaço fazer essa reflexão. Para o grupo de Luizianne, a tendência petista Democracia Socialista (DS), os fatos que levaram à prisão de Ronivaldo têm enorme impacto simbólico e prático. Depois de Luizianne, bem depois mesmo, Ronivaldo é o principal nome do grupo com mandato. Não é uma denúncia qualquer, mas algo muito caro à militância, que tem muitos nomes destacados nesse campo, muitas líderes feministas. Para a DS é uma grande perda política. E, a depender dos desdobramentos, ele deverá ser muito cobrado pelos próprios aliados, e aliadas.

O perfil de Ronivaldo

Reforço que tudo isso é secundário no momento, mas, salvo enorme reviravolta, o impacto para a trajetória de Ronivaldo é enorme. Ainda mais pelo campo político em que atua e a forma de atuação. Não são raros os políticos envolvidos em casos escabrosos que seguem suas trajetórias quase incólumes. Mas, são perfis diferentes, com outra relação com eleitorados e bases eleitorais.

Bolsonaro em novo partido e, como sempre, com discurso de palanque eleitoral(Foto: EVARISTO SA/AFP)
Foto: EVARISTO SA/AFP Bolsonaro em novo partido e, como sempre, com discurso de palanque eleitoral

Bolsonaro dá a largada

Contornados os conflitos, o presidente Jair Bolsonaro se filiou ontem ao Partido Liberal, o PL, em ato com cara de lançamento da candidatura à reeleição. Não que Bolsonaro em algum momento tenha deixado de se portar como quem está no palanque. Em algumas coisas foi o mesmo Bolsonaro de sempre. Mas, nota-se uma grande mudança, simbolizada na filiação. Aquele Bolsonaro “nova política”, antissistema, não mais existe. Ontem ele falou: “Nenhum partido será esquecido por nós.”

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