Capitão Wagner quer "frente ampla" no Ceará com bolsonaristas, Heitor Férrer e MDB
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Capitão Wagner quer "frente ampla" no Ceará com bolsonaristas, Heitor Férrer e MDB
Nacionalmente, há vozes que defendem uma frente ampla também, mas ela seria contra Bolsonaro. No Ceará, a intenção do capitão é uma "frente ampla" contra os Ferreira Gomes
Na entrevista na última terça-feira, 7, ao programa Jogo Político, o deputado federal Capitão Wagner (Pros) confirmou a tendência de apoiar o presidente Jair Bolsonaro na eleição do ano que vem. Quem acompanha o parlamentar já percebeu há muito os movimentos e gestos nesse sentido. Porém, ele era mais cuidadoso nas palavras. Desta vez, deixou explícito.
Todavia, como pré-candidato a governador, Wagner planeja no Ceará uma aliança além do bolsonarismo. Ele fala de criar uma "frente ampla". Ele espera ter o controle do novo União Brasil, que nasce da fusão entre DEM e PSL. Também conversa com o MDB de Eunício Oliveira e com Heitor Férrer (Solidariedade), além do Podemos, de Luis Eduardo Girão.
Nacionalmente, há vozes que defendem uma frente ampla também, mas ela seria contra Bolsonaro. Uma união de forças democráticas que se contrapõem ao atual governo. Em alguns cenários, ela poderia ir do PT ao PSDB. Bem, no plano nacional essa frente ampla não sai. As forças mais ao centro tentam unificar uma "terceira via", mas está difícil.
No Ceará, a intenção do capitão é uma “frente ampla” contra os Ferreira Gomes. Parte dessas forças estará com Wagner mesmo. Já Heitor Férrer disse ontem ao jornalista Filipe Pereira, aqui do O POVO, que o apoio do deputado do Pros a Bolsonaro pode dificultar o entendimento. Porém, não descarta.
Os Ferreira Gomes formaram uma ampla base política, que o governador Camilo Santana (PT) conseguiu aumentar. Ainda assim, os 15 anos de poder — muito poder — fizeram muitos inimigos. Há gente disposta a se unir para derrotá-los.
A frente estadual é mais fácil que a federal. Não só porque o Estado é menor que o País. Há menos candidatos que querem concorrer ao governo, enquanto à Presidência eles sobram. Várias das forças citadas por Wagner não terão candidatos próprios caso não fechem com o capitão. Também não há muitas opções de quem apoiar. Se a terceira via nacional não se firmou ainda, que dirá a estadual.
Porém, há outro aspecto: uma eventual frente ampla contra Bolsonaro teria boas chances de ter uma aliança maior que a do presidente, em que pese o fator Centrão. Já no caso do Estado, nenhuma frente é tão ampla quanto a que já está no poder.
Para Bolsonaro, é o Supremo acima de tudo
Bolsonaro, e o bolsonarismo, têm obsessão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No sistema democrático de freios e contrapesos, nenhum poder faz o que bem entende. Quem governa é o Poder Executivo. Mas, não faz tudo o que quer. Administra conforme as leis que o Poder Legislativo aprova. O parlamento faz as leis, mas não as aplica. E, em caso de dúvidas sobre a interpretação das normas, o Supremo Tribunal Federal julga. Os magistrados não fazem lei nem as aplicam, mas têm papel de interpretar a Constituição. Não faz muito tempo, as dores de cabeça de Bolsonaro vinham também da Câmara. Mas, Rodrigo Maia (sem partido) saiu e com Arthur Lira (PP-AL) a relação do presidente é ótima. Resta o STF como obstáculo ao sonho de colocar em prática qualquer disparate que lhe vem à mente.
Já comentei a fala de terça-feira de Bolsonaro em encontro da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Sobre a intenção de ser presidente, ele falou: “Não sei onde estava com a cabeça.” Eu menos ainda. Mas não é esse o ponto. Ele falou também sobre a sucessão de 2022: “Não é apenas uma eleição para presidente. Quem chegar à Presidência vai renovar mais duas vagas no STF no primeiro semestre de 2023.”
Bolsonaro tem uma visão peculiar das coisas. Trata como se indicar os ministros do STF fosse mais importante que ser presidente. Ele já trata os governadores como se tivessem mais poder que ele — uma interpretação torta do que de fato decidiu o tribunal. No que se refere ao Supremo, ele coloca os ministro realmente acima de tudo e todos.
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