Impacto social, econômico e político do ônibus mais caro
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
As passagens de ônibus em Fortaleza ficam mais caras a partir de amanhã. O valor passa de R$ 3,60 para R$ 3,90. Ao chegar à Prefeitura, no ano passado, o prefeito José Sarto (PDT) segurou o preço e não houve reajuste. Mas, as empresas pressionam. Apontam alta dos custos e redução do número de passageiros na pandemia. Por outro lado, o valor mais alto se torna impeditivo para muita gente usar ônibus. Mesmo antes da pandemia, a quantidade de usuários do transporte coletivo vinha em queda. Para piorar, a frota está envelhecida. As empresas apontam justamente os custos de manutenção. Com a Covid-19, os ônibus não circulam mais com ar-condicionado, um ganho na qualidade do serviço nos últimos anos. A quantidade de veículos também ficou menor. Será o aumento de tarifa o bastante para assegurar renovação dos ônibus e melhora do serviço? Pelos relatos, talvez apenas reponha parte dos prejuízos. Tem-se, então, transporte mais caro, com cada vez mais gente que não pode pagar, e com qualidade em queda.
Desde o começo do Plano Real, em 1994, a tarifa subiu 875%. No mesmo período, a inflação medida pelo IPCA subiu 613,88%. A alta fica bastante acima da inflação. Em julho daquele ano, a passagem inteira em Fortaleza custava 40 centavos. A passagem de uma pessoa a partir de amanhã pagava a de nove passageiros naquela época, e tinha troco.
Em oito anos de Juraci Magalhães, de 1997 a 2004, a passagem aumentou 129%. Inclusive episódio meio patético durante a eleição de 2004, no qual a passagem baixou a uma semana da eleição, para depois voltar a subir.
Nos dois mandatos de Luizianne Lins (PT), o aumento foi de 38%. Com o detalhe de que toda a alta se concentrou no segundo mandato. Com política de isenções, Luizianne conseguiu manter as passagens congeladas em R$ 1,60 durante os primeiros quatro anos. Período no qual houve efetivamente aumento do número de passageiros. Para muita gente, o preço pode não ser nada. Mas, para muitos, é impeditivo de acesso ao transporte, sim. Ao se despedir da Prefeitura, por ordem judicial, Luizianne deixou um aumento inesperado, e a passagem a R$ 2,20. Foi a despedida ruim de uma administração que teve uma política de conter os preços do transporte como nenhuma até hoje. Com Roberto Cláudio (PDT), a alta foi de 64% em oito anos. Sarto, no segundo ano, autoriza reajuste de 8,3%.
Falta de vacina deixa jogador de fora da seleção
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) prestou desserviço, no ano passado, quando aceitou receber a Copa América em momento grave da pandemia de Covid-19 — um dos fatores para outros países rejeitarem o torneio. A política pesou na época. O presidente Jair Bolsonaro interveio. Tentou tirar proveito político. Na final, a Argentina foi campeã. Foi a primeira vez que a seleção perdeu uma Copa América em casa. Felizmente, a entidade, por causa da pandemia, desistiu de realizar, este mês, a Copa América de Futsal. Como não tem nem de longe a mesma visibilidade, a política pesou menos. É disso que se trata.
Justiça se faça, comissão técnica e jogadores da seleção brasileira de futebol masculino não gostaram da ideia de trazer a Copa América no ano passado, por razões diversas. Ontem, técnico Tite, pela primeira vez não lembro nem desde quando, fez da seleção exemplo para a população. Informou que o lateral Renan Lodi foi excluído da possibilidade de convocação por não ter se vacinado contra Covid-19. Tomou apenas a primeira dose. O motivo eu desconheço. Perfeito. Além do exemplo, ele representaria risco de contágio.
Vale lembrar, a seleção joga no Equador e no Brasil. Para entrar nos dois países — Lodi joga na Espanha — precisa comprovar vacinação.
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