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A postura de Tasso na eleição presidencial
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A postura de Tasso na eleição presidencial

Depois da convenção que foram as prévias do PSDB, o senador acha que nome de Doria deve ser rediscutido se ele seguir estagnado
Tipo Opinião
Doria segue sob ataques especulativos no PSDB (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil Doria segue sob ataques especulativos no PSDB

João Doria venceu as prévias do PSDB para ser candidato a presidente, mas isso é diferente de ter um partido convencido de que ele é o melhor candidato. Do lado derrotado, surgem questionamentos públicos que colocam em dúvida a pré-candidatura já cambaleante. Em entrevista nesta semana ao Valor Econômico, o senador Tasso Jereissati proferiu o tipo de declaração que costuma ser mais danoso a quem estar numa eleição. Afirmou que a senadora Simone Tebet (MDB) parece a ele a opção mais factível para conseguir se colocar na briga entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). E Doria? Pois é.

Tasso chegou a se colocar como pré-candidato nas prévias tucanas, mas se retirou da disputa para apoiar o governador gaúcho Eduardo Leite. Antes de ele anunciar a desistência, Doria tornou público que Tasso não seguiria concorrendo — e Tasso não gostou da inconfidência.

No último dia 13 de janeiro, Leite defendeu, em entrevista à rádio O POVO CBN, que Doria deve desistir caso não cresça nas pesquisas. Doria venceu prévias agressivas e turbulentas. Uma vez vitorioso, os obstáculos para ele surgem em casa.

A tarefa de Doria já era difícil e se torna virtualmente impossível com a intriga interna tucana. Em entrevista publicada no início do mês nas Páginas Azuis do O POVO, olha o que Tasso fazia elogio a Doria quanto à vacina, mas já colocava em dúvida a viabilidade. "A grande preocupação em relação ao governador de São Paulo era justamente pelo fato de ele ser candidato há tanto tempo, desde prefeito que ele já se colocava como candidato, e, como governador, ter feito um belo trabalho em relação à questão da vacina, mas não ter conseguido deslanchar."

Tasso defendia que em dado momento a pré-candidatura talvez tenha de ser rediscutida. " As pesquisas e indicações são de que a probabilidade de ele (Doria) deslanchar é pequena. Mas tudo é possível. Vamos acompanhar e lá na frente, se não houver esse desenvolvimento, temos que discutir. O grande objetivo seria encontrar um candidato viável de centro. Até abril do ano que vem, véspera das decisões partidárias e o começo da campanha pra valer, deve ser o marco natural."

À frente, na mesma entrevista, Tasso comentou a forma como Geraldo Alckmin saiu do PSDB. Responsabilizou Doria e se mostrou bastante crítico. "Isso é uma das dificuldades do nosso candidato, de agregar, e a facilidade de desagregar. Ele nunca poderia ter deixado de lado um homem como Geraldo Alckmin, uma liderança não só efetiva, mas simbólica do partido."

Tasso é uma das referências do tucanato. Da velha guarda, talvez seja o mais ativo atualmente. Presidia a sigla quando Fernando Henrique Cardoso se elegeu presidente. Já aconteceu de ele não apoiar o candidato do partido. Foi em 2002, numa soma da relação pessoal com Ciro Gomes (PDT) com a briga com José Serra, então candidato tucano. Agora, não está colocado o abandono do candidato, mas retomar a discussão se Doria deve ser o candidato. Ao apontar Tebet como a mais viável, convenhamos, ele não está apontando exatamente alguém que está arrasando nas pesquisas. Ele fala de potencial. Justo o que não enxerga em Doria.

É de se questionar se o partido irá reabrir a discussão depois de toda a bagunça que foram as prévias. Pressão para isso haverá. A vulnerabilidade de Doria será inversamente proporcional ao desempenho nas pesquisas.

O Narcélio político

Narcélio Limaverde, falecido ontem, é uma das vozes que construíram o rádio cearense. Foi também político, e com destaque, na redemocratização. Na histórica eleição de Maria Luiza Fontenele, em 1985, era o vice da chapa favorita que foi surpreendentemente derrotada, comandada por Paes de Andrade. Em 1986, foi o deputado estadual mais votado no Estado, no pleito em que Tasso Jereissati foi eleito pela primeira vez. Narcélio, isso os ouvintes bem sabem, era grande contador das histórias das quais era testemunha. Parte delas contou aqui no O POVO, em crônicas que assinava em época de eleições. Ele tinha o rádio no DNA. O pai, José Limaverde, foi um dos pioneiros do rádio cearense. Hoje dá nome a uma das avenidas de mais bela paisagem da Barra do Ceará, margeando o rio Ceará.

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