Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foi emblemático o papel de Capitão Wagner (Pros) no ato em Jati com o presidente Jair Bolsonaro (PL) na terça-feira. Ele apoia o presidente desde a campanha, em 2018. Mas, dizer que ele fez discurso de estadista. Bolsonaro. Talvez tenha ido longe. Mas, há elementos interessantes para entender o recado do líder da oposição cearense.
Na conversa com o jornalista Henrique Araújo, aqui do O POVO, que cobriu a passagem de Bolsonaro por Jati, Wagner deu sinais para entender o que ele pretende. "Acompanhei o evento em Salgueiro (PE) e aqui em Jati e fico muito feliz com o discurso do presidente mais ameno, um discurso mais apaziguador, buscando o consenso", classificou. Disse ainda: “Até outubro a preocupação maior do governo tem que ser mostrar seus feitos, mostrar o que fez, não apenas no Ceará, mas em todo o Nordeste.”
Durante o discurso, Wagner sugeriu ainda que, a cada vez que for atacado, Bolsonaro apresente uma ação do governo.
Wagner é um apoiador do presidente, mas busca evitar radicalismo e transmitir imagem de moderado. Fica claro que Wagner quer um Bolsonaro menos polêmico, menos briguento. É melhor para ele, que o apoia no Ceará.
Bolsonaro disse que não cairá em provocação. Será? Bolsonaro?
Wagner está tentando.
Bolsonaro e o comunismo em três atos
O presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou sobre gestos de apologia ou, no mínimo, condescendência em relação ao nazismo. Ele manifestou o repúdio, sem citar o caso de Monark, demitido do Flow Podcast, e do ex-BBB Adrilles Jorge, desligado da Jovem Pan. Bolsonaro aproveitou para incluir o comunismo no balaio. Bolsonaro anima as trincheiras do anticomunismo brasileiro. O curioso é que nem sempre foi assim. Relembro três momentos em que o presidente falou sobre comunismo.
4 de setembro de 1999:
"Ele (Hugo Cháves) não é anticomunista e eu também não sou. Na verdade, não tem nada mais próximo do comunismo do que o meio militar. Nem sei quem é comunista hoje em dia."
A declaração foi publicada no Estado de S.Paulo naquela data e tratava da chegada ao poder de Hugo Chávez na Venezuela. Bolsonaro o tratava como esperança.
18 de dezembro de 2002:
"As coisas mudaram. Hoje, comunista toma uísque, mora bem e vai na piscina."
Bolsonaro tentava desmistificar o medo do comunismo. Naquela data, ele foi à Granja do Torto tentar ser recebido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que iria tomar posse como presidente, para negar que houvesse resistência nas Forças Armadas ao então comunista Aldo Rebelo, que era cotado para o Ministério da Defesa. "Pelo contrário, é uma pessoa que entende do assunto e tem grande respeito."
9 de fevereiro de 2022, como presidente:
"É de nosso desejo, inclusive, que outras organizações que promovem ideologias que pregam o antissemitismo, a divisão de pessoas em raças ou classes, e que também dizimaram milhões de inocentes ao redor do mundo, como o Comunismo, sejam alcançadas e combatidas por nossas leis."
Bolsonaro porta-voz do anticomunismo, que teme a instalação do regime do Brasil, é produto deste século. Pessoas mudam de opinião. Mas, me parece mais ter entrado numa onda. A onda é antiga. O Brasil teve duas ditaduras implantadas — Estado Novo e ditadura militar — instaladas com o pretexto de impedir os comunistas de instalar uma ditadura.
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