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A opção de Lula
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A opção de Lula

Se Lula desse a senha, o PT no Ceará entraria em ebulição. Mas, a opção foi fortalecer Camilo
Tipo Opinião
Lula e Camilo Santana (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Lula e Camilo Santana

O PT nunca elegeu o governador do Ceará até Camilo Santana (PT). Chegou perto em 2002, com José Airton Cirilo (PT), que agora é o mais insistente defensor da candidatura própria. Fora aquela ocasião, o partido nunca passou próximo de ter chance de eleger governador. Quando conseguiu, não foi por causa do PT. Foi por decisão de Cid Gomes, que escolheu Camilo dentro do PT. Lula sabe que Camilo é mais forte que o PT do Ceará, que o apoio dele é mais relevante. Sabe da popularidade do governador.

Se Lula desse a senha, o PT no Ceará entraria em ebulição. Daria trabalho aos Ferreira Gomes e a Camilo. No fim das contas, a posição provavelmente seria vencida. É possível que não. Com pedido de Lula, talvez a maioria petista bancasse a candidatura própria e deixasse Camilo em delicadíssima posição. Há argumentos para isso, vide as críticas de Ciro Gomes (PDT) ao PT e Lula. Mas, é possível que esse grupo mantivesse o apoio ao PDT e fosse apenas um desgaste.

Lula optou pelo pragmatismo. Além disso, Camilo deixou claro, governador e ex-presidente têm discutido o assunto. A questão está pacificada entre eles há tempos. Lula dá também um sinal de boa vontade para Ciro, um aceno para eventual segundo turno.

A fala do ex-presidente praticamente encerra qualquer dúvida que restasse sobre o PT. E isso incomodou petistas que insistiam na tese de palanque próprio para… Lula.

Sogra não pode e filho pode?

Um dos episódios que ficaram mais famosos no governo Cid Gomes (PDT) foi a viagem à Europa na qual levou a sogra. Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro (PL) levou o filho, vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), na viagem pelo Leste Europeu. Muita gente que critica Cid por ter levado a sogra defende a presença de Carlos com o pai. Ambos os casos rendem boa discussão sobre a coisa pública.

Na época do voo de Cid, ele argumentou que havia vaga no avião e não houve gasto extra. Foi citado também que, nos Estados Unidos, isso é comum. (No recente caso da defesa da legalização de um partido nazista no Brasil, também foi citado que, nos Estados Unidos, a agremiação é permitida. Um ponto é o que significa criar um novo partido num país em que há dois na disputa de fato pelo poder. Outro ponto, é como se os Estados Unidos fazerem fosse álibi para autorizar a fazer aqui também.)

No caso de Carlos, há defensores que justificam por ele ter mandato. Ah, vá. Então ele foi à Hungria, à Rússia para cuidar dos interesses da população do Rio de Janeiro? Filho, assim como sogra, não é cargo.
Bolsonaro deu explicação troncha para levar o vereador. Afirmou que Carlos é melhor que o ajudante de ordens. "Dorme no meu quarto". Ele informou que o Zero Dois "mexe" nas redes sociais dele, "prestando informações a todos". "Face, Telegram, Twitter passam pelo crivo dele. Uma pessoa que não ganha nada do governo federal. Faço questão que um dos meus filhos me acompanhe nessas oportunidades", disse o pai.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu ao Supremo Tribunal Federal que o inquérito dos atos antidemocráticos investigue a viagem do vereador e do assessor Tercio Arnaud, para saber a agenda que cumpriram e se teve alguma relação com a estratégia da campanha de reeleição do presidente.

Se você é daqueles que defende Bolsonaro porque foi ele quem fez, se defenderia qualquer coisa que ele fizesse e criticaria se fosse, por exemplo, o Lula, então eu nem discuto. Se você, da mesma maneira, defende Cid por ter feito, mas criticaria se fosse Bolsonaro ou outro, também não precisamos prolongar o assunto. Se trata de defesas incondicionais.

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