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Capitão Wagner e as estratégias local e nacional
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Capitão Wagner e as estratégias local e nacional

O nome da oposição na disputa pelo governo do Ceará conseguiu uma primeira vitória política frente ao grupo Ferreira Gomes
Tipo Opinião
 Capitão Wagner assume diretoria 
do União Brasil no Ceará (Foto: Thaís Mesquita)
Foto: Thaís Mesquita  Capitão Wagner assume diretoria do União Brasil no Ceará

A conquista do União Brasil é uma vitória política para o deputado federal Capitão Wagner. Ele disputou o partido com o grupo Ferreira Gomes. Não de hoje. Ainda em 2019 foi travado enfrentamento, na época pelo DEM. Agora, ele leva mais do que antes. É a mais robusta estrutura partidária de que já dispôs. O coloca em outra situação na campanha: mais recursos, mais tempo de rádio e televisão, mais chance de conseguir alianças.

A intenção dos Ferreira Gomes era restringir ao máximo as opções. Cid Gomes (PDT), em novembro, declarava plano de buscar deixar Wagner sem opção de partido, para ter de ir para o mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro, o PL. O cerco não vingou.

Wagner foi para um partido que até fala hoje em ter candidato próprio a presidente. Não deverá ser embaraço para Bolsonaro. Ele deixou mais que clara a estratégia de ter vários candidatos a presidente.

O capitão de lá e o de cá

Capitão Wagner tem sido cada vez mais bolsonarista nos últimos meses. Ontem, porém, reforçou a sinalização que já havia emitido. Ele será Bolsonaro. Mas, não apenas. O quanto ele será Bolsonaro? Vale observar. No fim do ano passado, no programa Jogo Político, ele tinha dado a senha: "Minha pátria se chama Ceará. Minha maior preocupação neste momento é o estado do Ceará". Ou seja, o foco é a articulação local, e o nacional será explorado na medida dos interesses locais.

Na mesma entrevista ao Jogo Político, em 7 de dezembro, Wagner deu sinalização muito interessante da compreensão que tem: "O eleitor tem a consciência muito forte de que o Ceará é o Ceará e o Brasil é o Brasil. Há uma demonstração muito clara de que o eleitor não necessariamente acompanha o presidente da República ou o candidato dele nos seus estados".

Não é diferente da aliança governista, onde há apoiadores de Ciro Gomes (PDT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas também do próprio Bolsonaro. E onde também existe a concepção de que uma coisa é o Ceará e outra é o Brasil. Para Wagner é até mais fácil, teoricamente, administrar a situação. Não há um Ciro Gomes, candidato a presidente da República, batendo o tempo todo no principal aliado local.

A concepção de Wagner é de, assim como na aliança governista, tentar construir uma frente na oposição, unida pelo enfrentamento aos Ferreira Gomes, sem muitas restrições adicionais. 

Wagner e Bolsonaro no Ceará

Na última visita de Bolsonaro ao Ceará, em 8 de fevereiro, Capitão Wagner teve tratamento destacado, como em nenhuma das viagens presidenciais anteriores ao Estado. Ele fez o discurso de abertura. De lá para cá, Wagner disse que a relação com Bolsonaro não será monogâmica, enquanto o partido de Bolsonaro, o PL, passou a cogitar candidatura própria a governador do Ceará. Será interessante perceber os sinais na semana que vem, quando o presidente irá a Quixadá.

Limites do palanque aberto

Na base de Wagner, aliados de longa data até concordam que o palanque deve se abrir a mais de um candidato a presidente. A preocupação é sobre o limite disso. Temem que a candidatura possa perder a identidade ao receber, por exemplo, apoiadores de Lula. Seria o caso a se confirmar a adesão de Eunício Oliveira (MDB).

 

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