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O desafio de reconstruir o PSDB
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O desafio de reconstruir o PSDB

Partido de Tasso Jereissati passou por declínio e precisa se reconstruir após mais uma debandada
Tipo Opinião
CHIQUINHO Feitosa assumiu o PSDB após perder disputa por comando do União (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita CHIQUINHO Feitosa assumiu o PSDB após perder disputa por comando do União

O PSDB foi o maior partido do Ceará por mais de duas décadas. A ascensão começou em 9 de março de 1990, quando se filiaram o então governador Tasso Jereissati e o à época prefeito de Fortaleza, Ciro Gomes, e todo o grupo político deles. Haviam sido eleitos, em 1986 e 1988, respectivamente, pelo PMDB, hoje MDB. O poder é afrodisíaco e fez o partido crescer bastante. A ponto de ter de usar siglas “alternativas”, como se dizia na época. Serviam para acomodar aliados em municípios nos quais havia racha na base do governo. Isso era comum. Muitas vezes, governo e oposição apoiavam o governador. Uns ficavam no PSDB e outros se distribuíam em outras legendas. Uma das preferidas era o PSD. Não o atual, nem o antigo, de 1945, mas o intermediário, que existiu entre 1987 e 2003, até ser incorporado nacionalmente pelo PTB.

O PSDB tinha, disparadamente, o maior número de prefeitos, deputados estaduais e deputados federais. Chegou a eleger os três senadores e controlava a presidência da Assembleia Legislativa. No ciclo dos Ferreira Gomes, que vem desde 2007, o poder concentrado no grupo talvez seja até maior. Mas, em nenhum momento dos últimos 15 anos um só partido teve tanto poder quanto o PSDB do auge do chamado projeto mudancista.

Quando Lúcio Alcântara perde a eleição em 2006, com o partido fraturado, o PSDB teve um baque, mas ainda não foi ali que entrou em decadência. Seguiu com a maior bancada na Assembleia e o maior número de prefeitos — resultado de acordo para aderir à base do governo Cid Gomes. O baque veio em 2011. Tasso havia sido derrotado na eleição de 2010, rompido com o governo e levado o partido para a oposição. Um ano antes da eleição de 2012, houve a debandada — aquilo que o então presidente nacional da sigla chamou de “ataque especulativo”. Em 2012, em Fortaleza, o partido pegou um de seus principais nomes remanescentes, o ex-deputado Marcos Cals, que havia tido bom desempenho como candidato a governador. Ele concorreu a prefeito de Fortaleza. A campanha foi muito problemática e o resultado foi bastante decepcionante. Em 2014, Tasso foi eleito senador novamente, no que foi um alento.

Este ano, o mandato dele chega ao fim e ele não será mais candidato. Uma parte importante do partido no Estado, comandada pelo prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, nunca seguiu as diretrizes e decidiu migrar para o União Brasil. Em seu último ano com mandato, Tasso tenta reconstruir o partido. Traz para comandá-lo um antigo aliado, o empresário Chiquinho Feitosa. Ele já foi tucano. Em 1998, foi o segundo deputado federal mais votado do Ceará, mas, em 2002, não quis mais concorrer. Atualmente, é suplente de Tasso no Senado. O partido atrai outros nomes novos, como a ex-primeira-dama de Fortaleza, Natália Herculano.

Tasso diz que não irá se aposentar. Faz uma analogia: sem mandato, deixa de ser jogador, mas pode virar técnico. Porém, sem mandato é mais difícil ter condições de operar nesse meio. As condições em que conseguir colocar o PSDB este ano serão determinantes para o futuro do ex-partido mais importante do Ceará.

PT cada vez mais Camilo

Na temporada de trocas partidárias, o PT recebe a filiação dos deputados estaduais Júlio César (ex-Cidadania), Augusta Brito (ex-PCdoB) e Nizo Costa (ex-PSB). A bancada chega a sete deputados, a segunda maior da Assembleia. As três filiações têm articulação do governador Camilo Santana, que aumenta a influência no partido. A de Júlio César, líder da Camilo, chegou a provocar desmentidos e reações desaforadas do PT de Maracanaú. Mas se concretizou.

Juiz e desembargador

Sobre o caso do juiz Chagas Barreto, cuja escolha para desembargador pelo critério de antiguidade está suspensa, a coluna recebeu pertinentes observações, na mesma direção: se ele não pode ser desembargador, poderia considerar a ser juiz? Uma boa questão. Mas, vale lembrar, a maioria do Tribunal de Justiça chegou a votar para que ele fosse aposentado compulsoriamente, mas a punição foi revertida para censura pública por decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Assim, o tribunal que entendeu que ele não deveria seguir na magistratura tem obrigação de promovê-lo, porque o CNJ entendeu que ele não deveria ser aposentado contra a vontade? Acho que o caso merece, no mínimo, avaliação. O magistrado, obviamente, tem o direito de se defender. O que considero é que deve pesar, acima de tudo, o interesse público. Para além do interesse individual na promoção.

 

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