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Olhares sobre Izolda
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Olhares sobre Izolda

Governadora é observada por opositores e também por aliados que tentam entendê-la
Tipo Opinião
Izolda é primeira governadora do CE (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Izolda é primeira governadora do CE

Izolda Cela (PDT) tomou posse como governadora há uma semana. As atenções da política do Ceará estão voltadas para ela. Seria assim com qualquer um que assumisse o cargo, mas o fato de ser a primeira mulher a ocupar o posto amplifica a intensidade. Antes de Marina Silva (Rede) concorrer a presidente pela primeira vez, em 2010, ela concedeu entrevista ao O POVO. Indaguei a ela se não temia que um governo mal-sucedido de uma mulher trouxesse o velho estigma de que elas não sabem governar. Marina deu uma resposta perfeita: quando homem faz um mal governo, ninguém generaliza e diz que homens não sabem governar. É um mal governo, como outro pode ser bom. Mas, mulheres são observadas como se sempre tivessem algo a provar, e o fracasso eventual de uma é o de todas. Quando Luizianne Lins (PT) foi eleita prefeita de Fortaleza, em 2004, tinha de responder sobre os problemas ocorridos na gestão de Maria Luiza Fontenele, encerrada 16 anos antes.

A política toda observa os passos de Izolda e quer saber como ela se comporta. Isso envolve os opositores, mas também os aliados. Os servidores, o secretariado herdado de Camilo Santana (PT). Ela está lá há bastante tempo. Entrou no governo em 2007 e só ficou fora por oito meses em 2014, entre a desincompatibilização para concorrer a vice-governadora e a posse, em 1º de janeiro de 2015. Mas, só agora ela está no topo da hierarquia, da cadeia de comando. Mostrará força, convicção, decisão? Qual o estilo? A governadora é analisada com lupa. Tem pouco tempo. Precisa se firmar em cada gesto.

Seis candidatas na história

Muito se falou sobre Izolda ser a primeira mulher governadora. Mas, esse não é o único indicador do quanto a política é excludente em relação a esse segmento que representa a maior parte da população. Em toda a história, houve apenas seis mulheres candidatas a governadora. Quase todas de partidos de esquerda, a maioria por pequenas siglas, sem pretensões reais de vitória. Até hoje, nenhuma força política que tinha perspectiva de chegar ao governo do Ceará lançou uma mulher até hoje.

Só em 1994 o eleitor do Ceará teve oportunidade de votar em uma mulher para governadora. A pioneira foi a professora Rosa da Fonsêca, que disputava pelo PSTU. Teve 2,93% dos votos. Foi a quarta colocada.
Em 2002, o PTB lançou Cláudia Brilhante. Com 1,15% dos votos, ficou na quinta colocação. Em 2006, o PCO lançou Salete Silva, que teve 0,11% dos votos e ficou na sexta colocação.

Em 2010, houve um recorde. Duas mulheres candidatas a governadora. O Psol lançou Soraya Tupinambá Psol, que teve 0,97% dos votos e terminou na quinta colocação. E Maria da Natividade, a Nati, concorreu pelo PCB. Mas, foi indeferida por questões burocráticas do registro da legenda e não teve votos computados.

O melhor desempenho de uma mulher candidata a governadora na história do Ceará foi de Eliane Novais, candidata pelo PSB em 2014. Foi a terceira colocada, numa eleição de quatro candidatos. Teve 3,39%.
O desempenho histórico das mulheres em eleições para o governo não mostra que os eleitores não votam em mulheres ou que as mulheres se saem mal. Mostra, sim, que nenhuma mulher até hoje foi candidata por uma força importante, apoio de um grande partido ou estrutura e recursos para disputar de fato.

A vez da Assembleia

A governadora Izolda Cela e a presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Nailde Pinheiro, fizeram ontem a primeira reunião de duas mulheres chefes de poderes no Ceará. O Judiciário teve três mulheres presidentes numa história secular. Pouquíssimo. O governo tem a primeira mulher à frente, o que é ridículo. E o que dizer da Assembleia Legislativa, que segue o único poder que nunca teve mulher como presidente?

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