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O símbolo de um tempo
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O símbolo de um tempo

A pandemia não acabou, mas, simbolicamente, é como se ela ficasse para trás
Tipo Opinião
Máscaras não são mais obrigatórias no Ceará em locais fechados (Foto: CH. HORZ/Getty Images)
Foto: CH. HORZ/Getty Images Máscaras não são mais obrigatórias no Ceará em locais fechados

O uso de máscaras deixa de ser obrigatório no Ceará também em locais fechados, com algumas poucas exceções. Na mesma semana em que Fortaleza voltou a ter um grande show público, na data em que se comemora o aniversário da cidade, são dois marcos sobre o momento da pandemia de Covid-19.
A máscara é um símbolo do tempo que vivemos. É o traço capaz de demarcar se qualquer foto ou imagem é anterior ou posterior à Covid-19. Não à toa, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tanto aparecia sem máscara, estimulava as pessoas a não usarem máscara, tirava a que criança estava usando. Era uma negação simbólica da própria Covid-19. Isso no Brasil, claro, porque no Exterior ele se enquadrava bem direitinho.

A pandemia não acabou, mas, simbolicamente, é como se ela ficasse para trás. Não serei eu a saber mais que os especialistas e dizer se é momento ou não de abandonar o uso. Pessoalmente, seguirei usando ainda em locais abertos e fechados. A máscara não é mais obrigatória, mas não está proibida. E, para quem tem sintomas gripais, o uso já era e seguirá sempre recomendável.

Os atos sigilosos do presidente

O Gabinete de Segurança Institucional decidiu colocar sob sigilo as visitas dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio do Planalto.

Um dia antes, o governo vinha se recusando a informar sobre as visitas do pastor Arilton Moura, suspeito de lobby e cobrança de propina em possível esquema no Ministério da Educação. Alegava motivo de segurança. Quando foi ontem, o Gabinete de Segurança Institucional resolveu divulgar as informações. O pastor esteve 35 vezes no Planalto ao longo do governo Bolsonaro. Em dez ocasiões, ele estava acompanhado de outro pastor que também teria influência no direcionamento de recursos do MEC, Gilmar dos Santos. Quantas pessoas têm tanto acesso ao núcleo do Poder Executivo federal?

Mas, o ponto que quero tratar aqui é outro. Como é que a mesma informação que não podia ser divulgada um dia antes, por segurança, no outro pode ser tornada pública? Não é mais perigoso divulgar isso? Agora, me explica que risco pode haver a alguém saber quantas vezes pastores estiveram no Palácio do Planalto? Só se o perigo for descobrir que faziam algo de errado.

Na mesma quarta-feira, 13, Bolsonaro havia respondido com ironia a uma pessoa no Twitter que questionou sobre sigilos de cem anos decretados sobre assuntos incômodos, como a carteira de vacinação do presidente. “Em 100 anos saberá”, respondeu.

Bolsonaro, não é novidade, faz deboche com coisa séria. Decretar sigilo sobre ações públicas de um agente governamental é algo que precisa ter razões muitos sólidas. Significa dizer que o povo a quem aquele político deve satisfações e precisa servir não pode ter acesso a determinadas informações públicas.

Que motivo de segurança pode haver para não informar quando um filho do presidente esteve no Palácio do Planalto? Não é quando estará, se irá amanhã ou depois, e alguém pode armar alguma arapuca. É quando ele foi. Se estava lá na quinta-feira passada, ou na segunda retrasada.

Publicidade é princípio da administração pública. Sigilo é exceção que precisa de justificativas muito boas. Bolsonaro usa para evitar se expor e não se desgastar com coisas que tenha feito de errado. Governantes tentam por vezes fazer isso. Lembro um exemplo: quando havia bem menos mecanismos de transparência, o então governador Cid Gomes fez o que pôde para não revelar a lista de passageiros num voo à Europa. Era só o que faltava, o povo não poder saber quem viajou num voo fretado com nosso dinheiro. Lá estava a sogra de Cid.

Aquilo que Cid tentou Bolsonaro faz e repete. Inclusive em questões nas quais as suspeitas são muito mais graves que a de haver uma caroneira indevida.

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