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Novo e velho Bolsonaro
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Novo e velho Bolsonaro

Presidente tenta atenuar imagem de extremismo. Problema se chama: Bolsonaro
Tipo Opinião
Presidente Jair Bolsonaro (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil Presidente Jair Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem se recuperado nas pesquisas e a estratégia tem sido conter arroubos radicais e apresentá-lo como moderado. O presidente vinha tentando evitar polêmicas. O problema dessa estratégia é: Bolsonaro. Como mantê-lo sob controle? O indulto ao deputado condenado Daniel Silveira (PTB-RJ) volta a confrontá-lo com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o reaproxima dos setores mais extremistas dos apoiadores. Se o plano eleitoral de Bolsonaro era mostrá-lo "leve" e "sob controle", ele acaba de voltar muitas casas.

A partidarização do Supremo

O presidente Bolsonaro já disse que as duas indicações para o Supremo previstas para ser feitas por quem estiver no Palácio do Planalto em 2023 são mais importantes que a eleição, que a Presidência da República. Era a demonstração inequívoca de algo que se reafirma agora: o bolsonarismo ver as escolhas para o STF como a formação de uma “bancada” dentro da Corte. A visão não pode ser mais equivocada, deturpada e distante daquilo que o tribunal deve ser. Diante do julgamento de Daniel Silveira, houve muitas críticas ao voto do ministro André Mendonça, indicado por Bolsonaro. Ele foi criticado por personagens como a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), os deputados federais Carlos Jordy (PL-RJ) e Marco Feliciano (PL-SP) e o pastor Silas Malafaia. Eles lembraram que era Mendonça o ministro “terrivelmente evangélico” prometido por Bolsonaro, mas os políticos ficaram decepcionados. Esperavam dele o voto de um aliado dentro do STF. Não é papel a que magistrado deva se prestar.

André Mendonça votou pela condenação a Silveira pelo crime de coação, mas não acompanhou o relator, Alexandre de Moraes, e defendeu pena de dois anos e quatro meses, em regime aberto. Outro indicado de Bolsonaro, o ministro Kassio Nunes Marques foi o único a votar pela absolvição, por entender as ameaças do parlamentar como meras bravatas.

Alvo de críticas, Mendonça foi às redes sociais dar satisfação sobre o voto. Falou diretamente ao público evangélico: “Como cristão, não creio tenha sido chamado para endossar comportamentos que incitam atos de violência contra pessoas determinadas; e como jurista, a avalizar graves ameaças físicas contra quem quer que seja. Há formas e formas de se fazerem as coisas. E é preciso se separar o joio do trigo, sob pena de o trigo pagar pelo joio. Mesmo podendo não ser compreendido, tenho convicção de que fiz o correto.”

Pedetista x petista

O vereador Adail Júnior (PDT) voltou a gravar vídeo para responder ao deputado federal José Guimarães (PT). O petista disse que a situação de Ciro Gomes (PDT) na disputa presidencial é "humilhante", e que o pedetista está ameaçado de derrota significativa mesmo no Ceará — onde liderou as três eleições presidenciais que disputou até hoje. Adail vestiu uma camisa em defesa de Ciro e disse ter orgulho dele. Mas, o recado principal foi o mesmo de duas semanas atrás, sobre as articulações da aliança no Ceará e a escolha da candidatura ao governo do Ceará. "Façam a escolha de vocês e vão pra rua pedir voto, esqueçam o nosso PDT. Esqueçam de opinar, esse negócio de estar opinando dentro do PDT. Vocês não têm moral dentro do PDT", disse.

Com a recorrência, é cada vez mais de se questionar se as manifestações de Adail são uma resposta isolada, ou se ele foi escalado por pedetistas para demarcar posição e não deixar o petista sem resposta. Trata-se de vereador influente, de muito trânsito, mas não é um dos dirigentes do partido. Então, pode dar uma resposta sem comprometer o grupo com o enfrentamento.

Importante notar que as respostas não vinham quando as críticas vinham de vozes do PT que são importantes, mas minoritárias, como Luizianne Lins, José Airton Cirilo e os que opinavam em favor de Izolda Cela e contra Roberto Cláudio. Adail passou a se contrapor quando as posições passaram a vir de Guimarães, que comanda a maioria petista no Ceará.

Da outra vez, o vídeo foi gravado enquanto Adail debulhava feijão. Agora, foi tomando café com Leite Ninho e mel de abelha.

Foto do Érico Firmo

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