Polarização está além do que os Ferreira Gomes esperavam
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Não é do roteiro dos Ferreira Gomes deixar que disputas internas fiquem polarizadas como está atualmente entre Roberto Cláudio e Izolda Cela. Em 2012, para a prefeitura de Fortaleza, eram três nomes. Em 2014, para o governo do Ceará, eram cinco — mas foi escolhido Camilo Santana (PT), que não estava na lista, nem no partido hegemônico. Em 2020, foram cinco em Fortaleza. Agora, há quatro nomes, mas cada vez mais soa como disputa entre dois. Já houve momentos, como em 2020, que nomes que não seriam pré-candidatos, em princípio, foram convidados para participar do processo. É uma maneira de diluir a tensão, inclusive. Disputas internas sempre são tensas e conflituosas e isso é do jogo. Não precisa significar crise ou ruptura. Porém, não é da tradição do grupo que o embate seja tão quente. Definitivamente, não é rotineira uma declaração como a de Ciro Gomes (PDT) sobre “lado corrupto” de um aliado — e essa aliança se sustentar.
A polarização tem alguns motivos. O processo do PDT começa com um claro favorito: Roberto Cláudio (PDT). Ciro Gomes já o apontava como o predileto cinco anos atrás. Cid Gomes (PDT) dizia, no ano passado: “O melhor nome do PDT nesse momento, o mais popular, o que aparece com mais chances nas pesquisas eleitorais, é o do ex-prefeito de Fortaleza”. Uma fala contundente. O que mudou? Mudou que Izolda Cela virou governadora. Isso não é pouca coisa. Ela está no comando do Estado. Será determinante na eleição. Se vira candidata e sai vitoriosa, poderá ficar quatro anos e terá de passar o cargo a outro. Ou seja, faz a fila andar mais rápido. Um bálsamo para quem tem ambições. Isso faz dela o nome preferido de alguns e o segundo nome preferido de todos os que desejam o cargo um dia. O movimento de colocar Izolda na cadeira foi ato de Camilo Santana e mudou tudo. Se não tivesse ocorrido, o favoritismo total seria de Roberto Cláudio. Com Izolda governadora, é impossível não considerá-la. Ficou difícil para Evandro Leitão e Mauro Filho fazerem frente.
Ferreira Gomes são aliancistas até um limite
Os Ferreira Gomes são aliancistas por essência. Aliás, me corrijo. O aliancista é Cid. Ciro não é. Ivo Gomes também não chega a esse ponto. Cid é radical nisso. Como prefeito, pelo PSDB, atraiu o PT em Sobral. Quando os petistas cearenses ainda torciam o nariz para Ciro e o grupo, ele firmou a aliança estadual que o levou ao governo. Porém, o indicativo do grupo é de que não farão tudo pela aliança.
Como os Ferreira Gomes agiram quando a coisa polarizou
A história não define o que vai acontecer, mas indica possibilidades que já aconteceram e têm probabilidade de se repetir, bem como coisas que nunca ocorreram, e são improváveis, seriam inéditas. Como Cid Gomes agiu diante de uma grande polarização no grupo? O melhor exemplo talvez seja 2010. Tentou entendimento entre Zezinho Albuquerque e Welington Landim para o comando da Assembleia. Nenhum cedeu. O que fez Cid? Agiu que nem mãe: não vai ser nem de um nem de outro. E surpreendeu lançando Roberto Cláudio. O que teria ocorrido se um dos dois cedesse é algo que talvez só esteja na cabeça de Cid. Quer dizer que em 2022 pode não dar nem Izolda nem Roberto Cláudio? Parece improvável. Hoje, algo fora do radar, muito distante. Mas, impossível não é.
Quando decidem romper
Escrevi ontem sobre o rompimento do grupo com Tasso Jereissati (PSDB), em 2010. Aliás, de Tasso com eles. Em 2012, foi o momento em que eles decidiram deixar a base de Luizianne Lins. Cid tentou influenciar a escolha dela. Até sugeriu petistas que o agradavam — Camilo Santana estava na lista. Luizianne escolheu quem quis, optou por Elmano de Freitas. Os Ferreira Gomes seguiram o rumo, lançaram candidato e elegeram Roberto Cláudio prefeito. Aliás, olha ele aí de novo em momento de impasse, como em 2010.
Baterias
Manda a lei e exigem o corpo e o juízo, saio para alguns dias de férias. Volto em junho, se não trocarem a fechadura.
É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.