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Governo Federal e os ciclos políticos no Ceará
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Governo Federal e os ciclos políticos no Ceará

Todos os grandes ciclos políticos do Ceará desde o começo do século XX estiveram alinhados com o Governo Federal. Por quanto tempo dura uma hegemonia local sem o suporte de Brasília?
Tipo Opinião
Bolsonaro e Capitão Wagner deverão estar juntos hoje em Fortaleza (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Bolsonaro e Capitão Wagner deverão estar juntos hoje em Fortaleza

A história política do Ceará desde o começo do século XX é marcada por um punhado de grandes ciclos hegemônicos. Naqueles que conseguiram durar mais de uma década, a característica em comum é o alinhamento com o Governo Federal. Nogueira Acióli era parte da política dos governadores que fomentava oligarquias pelo Brasil. A Liga Eleitoral Católica (LEC) atuava em interlocução com Getúlio Vargas. O compartilhamento de poder entre os coronéis Virgílio Távora, Adauto Bezerra e César Cals foi resultado da necessidade de convivência no poder durante a ditadura militar. Tasso Jereissati foi um dos governadores eleitos pelo PMDB na esteira do Plano Cruzado, no governo José Sarney, e consolidou um modelo político de formação de infraestrutura em parceria com o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A aliança entre os Ferreira Gomes e o PT nasceu no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Começou em Brasília e chegou ao Ceará. Desde 2016, a hegemonia cearense é oposição no plano federal. Com Camilo Santana (PT) no governo e indo para a reeleição em 2018, não houve ruptura. Mas, agora, numa alternância de poder, será o ciclo iniciado em 2007 capaz de se sustentar sem que a aliança se reproduza em Brasília? Ou ainda, quanto tempo, num estado pobre e dependente de recursos federais como o Ceará, um grupo é capaz de ficar no poder sendo oposição ao Palácio do Planalto?

Em pelo menos dois dos ciclos citados acima — os coronéis e o atual momento, dos Ferreira Gomes — o Governo Federal foi determinante para unir forças diferentes, conflituosas e com rivalidades latentes. Os coronéis travavam intensa rivalidade entre eles. PT e os Ferreira Gomes eram adversários de trocar insultos constantes. O alinhamento federal foi determinante nas circunstâncias locais.

O PDT deverá decidir no voto, no diretório estadual, a candidatura ao governo. Por todas as sinalizações, a governadora Izolda Cela só será escolhida para tentar a reeleição caso a cúpula perca o controle. Assim, a se cumprir o que tem sido dito, PT e MDB deverão romper a aliança na próxima semana. Para tomar sabe-se lá qual rumo.

Bolsonaro e o voto nordestino

A sétima visita ao Ceará do presidente Jair Bolsonaro (PL) é a mais importante politicamente e a mais repleta de simbolismos. Para começar, é o mais próximo da eleição. É o primeiro compromisso em Fortaleza, onde há uma concentração de bolsonaristas que não é pequena. Base essa bastante empolgada com a visita e a motociata. Deverá haver bastante gente. Há também o aspecto de se tratar de evento religioso, com o público evangélico, a principal sustentação de Bolsonaro.

O momento também é decisivo. O presidente tem feito investida no Nordeste em busca de reduzir a diferença para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto. Na média das pesquisas, a região tem sido o fator de desequilíbrio a favor de Lula. Nas demais, tem havido certo equilíbrio.

Como em 2018, o Ceará é uma situação única no Brasil, em que, além de PT e Bolsonaro, há uma terceira força relevante. No caso, Ciro Gomes. O pedetista está agora bem menos relevante do que já foi. Vencedor em 2018, como em 1998 e 2002, ele agora aparece na terceira colocação em pesquisa contratada pelo próprio partido. De todo modo, é muito mais forte que em qualquer outro estado. Com o desenrolar da campanha, não se descarta que Ciro cresça. O que tornaria a disputa estadual ainda mais complexa.

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