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O espaço que se abriu para Capitão Wagner
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O espaço que se abriu para Capitão Wagner

O pré-candidato do União Brasil pode ver uma oportunidade que talvez só vislumbrasse ao longe
Tipo Opinião
Capitão Wagner: o vencedor da semana no Ceará (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Capitão Wagner: o vencedor da semana no Ceará

Capitão Wagner (União Brasil) lidera as pesquisas de intenção de voto no Ceará. Mas, não é uma situação propriamente confortável para ele. Há levantamentos que o apontaram em empate técnico contra Roberto Cláudio (PDT). Mesmo a diferença mostrada pelo Paraná Pesquisas, de 15 pontos percentuais, não assustava os pedetistas. Wagner, sem dúvida, larga numa situação melhor do que outros candidatos de oposição, com exceção de Eunício Oliveira (MDB) em 2014. Nem Cid Gomes, em 2006, despontava tão bem. Ainda assim, nas fileiras governistas a impressão era de que a situação tanto de Roberto Cláudio quanto de Izolda Cela (PDT) não era das piores. Uma vez que a base aliada decidisse por um nome e o anunciasse, com apoio da ampla coalizão política e aliança com o Governo do Estado, aquele que fosse escolhido — no caso, foi Roberto Cláudio — ou chegaria perto ou mesmo já passaria Wagner. Claro, na teoria. Essas coisas sempre precisam ser combinadas com o eleitor. Mas, dado o histórico de força da máquina, do apoio de prefeitos e das fortes composições políticas, a possibilidade existia. O fato de largar na frente nas pesquisas não necessariamente faz de Wagner favorito para vencer. Ele lembra do que aconteceu em Fortaleza, em 2020. O cenário estadual ainda é mais favorável para as estruturas de poder. Todavia, com o rompimento entre PT e PDT, muita coisa mudou. Tanta coisa que não se sabe nem ao certo quanto. As perguntas que se colocam são: qual base? E qual governismo?

O cenário para o capitão

Quando Capitão Wagner se anunciou candidato, parecia blefe. Ele havia se colocado e se retirado em 2018 um punhado de vezes. Soava mais lógico o senador Luis Eduardo Girão (Podemos) ir para a disputa, ainda que sem as mesmas chances. O pragmatismo político costuma jogar assim. Ele tem mais quatro anos de mandato no Senado, tem pouco a perder. Wagner, se derrotado, fica sem mandato. Porém, o capitão fez o cálculo do que tem a ganhar.

Ele pode ficar sem mandato, sim. Mas, a renda da casa deve ser garantida com a provável eleição de Dayany Bittencourt (União Brasil), com quem ele é casado, para deputada federal. Afora essa parte, o resto é um jogo de ganhar ou ganhar para ele. Se for eleito, ótimo para ele. Se não for, constrói as bases para chegar muito forte à eleição para a Prefeitura de Fortaleza em 2024, num cenário que já não era bom para o prefeito José Sarto (PDT). Para isso, para além do resultado estadual, a votação em Fortaleza será muito importante.

E há o fim da aliança. O PT já não apoiava Sarto, mas Camilo estava ao lado dele. E partidos que agora ameaçam abrir dissidência. Para Sarto, há três cenários. Talvez o pior deles seja o da vitória de uma candidatura camilista. Pois poderia abrir duas frentes de oposição: uma com Wagner e outra com o Governo do Estado. Outro cenário seria do capitão eleito. Seria um adversário e tanto para o prefeito. Mas, com a conveniência de tirar o potencial adversário mais forte do páreo. Certamente, o grupo do União Brasil lançaria um nome a prefeito, com apoio do Governo do Estado. Mas, precisaria ser construído.

E há o sonho dourado de Sarto: Roberto Cláudio governador. Certamente, teria olhar voltado para a Capital, e para a articulação da eleição em 2024. Esse é um fator extra que torna a eleição tão fundamental para o PDT.

O que resta da base?

Uma das interrogações cruciais da eleição é sobre a posição da governadora Izolda Cela (PDT) e da estrutura do governo. Hoje, Izolda não tem nem cara nem discurso para entrar numa campanha de Roberto Cláudio. Isso se ficar no PDT. A depender do que Camilo articular, é capaz de ela aderir. O outro ponto é saber qual base ficará e como ficará em cada pedaço da aliança desfeita. Numa chapa com Camilo, apoio do governo e da base de prefeitos e deputados, Roberto Cláudio seria provavelmente favorito. Porém, tudo isso está fraturado em vários pedaços. Capitão Wagner pode ver uma oportunidade que talvez só vislumbrasse ao longe.

Foto do Érico Firmo

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