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O Ciro que sempre vemos contra um Camilo como nunca se viu
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O Ciro que sempre vemos contra um Camilo como nunca se viu

O discurso de Ciro Gomes na convenção de Roberto Cláudio é um marco, mas o estilo não surpreende. O mesmo não se pode dizer de Camilo. Quem imaginaria que ele bateria de frente com Ciro e seria um dos protagonistas do rompimento
Tipo Opinião
Domingos Filho, Sarto, Ciro Gomes e Roberto Cláudio na convenção que lançou a candidatura de RC a governador em 2022 (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Domingos Filho, Sarto, Ciro Gomes e Roberto Cláudio na convenção que lançou a candidatura de RC a governador em 2022

Uma das surpresas do fim da aliança eleitoral no Ceará é que uma das personagens seja Camilo Santana (PT). Radicalmente conciliador, de conversa mansa, era difícil imaginá-lo peitando Ciro Gomes (PDT) da forma como tem feito. É provável que nem Ciro vislumbrasse isso.

Na convenção que lançou Roberto Cláudio (PDT), no domingo, Ciro Gomes iniciou o discurso dizendo que aquele talvez fosse o discurso mais importante feito aos cearenses em 40 anos de trajetória política. De fato, está na lista dos mais relevantes. Ciro é personagem de muitas manifestações contundentes. Porém, muitas vezes em entrevistas. Em discurso, e no Ceará, não me recordo de fala tão relevante de Ciro, com tantas implicações contra um aliado — agora ex-aliado — de tanto peso político.

Ainda assim, não é propriamente surpreendente vindo de Ciro. Chama atenção pela ênfase, pelas palavras. Mas, como ele gosta de dizer, o ex-ministro por vezes age de forma que pode ser recebida como excesso de franqueza.

Quanto a Camilo, aliados com trânsito aos bastidores asseguram que ele fez de tudo para manter a aliança. Porém, apoiadores de Roberto Cláudio afirmam que o petista nem atendeu às ligações do ex-prefeito. O fato é que, uma vez que o PDT escolheu RC, Camilo bateu o pé. O debate sobre quem tem a culpa pelo rompimento ainda irá longe. Caso o vitorioso seja Capitão Wagner (União Brasil), essa discussão irá resvalar para a baixaria definitiva.

Nos últimos dias, o pré-candidato a senador comandou uma estratégia para atrair prefeitos, parlamentares, partidos políticos, a maioria dos quais são disputados com o PDT. Essa agressividade é atípica.

Não é bem que nunca tenhamos visto um Camilo dessa maneira. Talvez seja a estreia na articulação política do ex-governador com o estilo que decretou lockdown debaixo de muitas críticas como medida contra a pandemia de Covid-19, ou que não cedeu para os policiais militares que paralisaram as atividades em 2020, ou na onda de ataques contra as facções criminosas, em 2019.

Aqueles foram os momentos cruciais dos oito anos de governo. Todas as decisões envolviam pressão e eram controversas, com muitas consequências. Entretanto, na condução política, o que sempre se viu foi o Camilo que conversa muito, busca sempre a mediação. O que interlocutores insistem é que ele tentou isso dessa vez, até o último momento. O que nunca tínhamos visto, na ação política, é o que acontece depois que o diálogo não resolve. Iremos agora acompanhar os resultados.

Silêncios eloquentes

Ciro Gomes fez eloquente discurso na convenção. De outros irmãos, chamou atenção o silêncio. Cid Gomes e Ivo Gomes não compareceram à convenção. Mas, não apenas isso. Eles também não foram à convenção de Ciro Gomes, na semana anterior. Mas, ambos se manifestaram nas redes sociais. Ivo antes e Cid depois. Sobre o lançamento de Roberto Cláudio, nenhum dos dois se posicionou.

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