Izolda fora do PDT e o papel do governo na eleição no Ceará
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
A desfiliação de Izolda Cela do PDT não é apenas uma questão da pessoa física. O PDT deixa de ser o partido à frente do Governo do Estado. Quais as consequências disso? Dependerá da postura de Izolda. Ela aponta como motivo para sair da legenda o fato de dois partidos da base lançarem candidatos a governador. É uma forma de preservar a base governista? Se for, significa que ela não fará campanha? Izolda subirá no palanque, aparecerá no horário eleitoral?
Há muitas interrogações, apostas de aliados, oferta de partidos. Pelo raciocínio que justificou a desfiliação, seria de se supor que a própria governadora não entraria de cabeça na campanha. Isso não significa que integrantes do governo não estarão com todo empenho no palanque de Elmano de Freitas (PT).
A rigor, se fosse para preservar a base, Izolda não precisaria se desfiliar. Teoricamente, bastaria ela manter a neutralidade. Porém, a desfiliação é um gesto, um contundente recado político.
O que será da base?
O PDT é a maior bancada da Assembleia Legislativa. Irá engolir o discurso de preservação da base? Ou passará a se portar como oposição a Izolda? Será estranho, da parte de parlamentares que tão enfaticamente defendiam o governo. Mas, não é difícil que isso ocorra. O PDT tem 12 deputados estaduais e um suplente em exercício. O PSD tem ainda três deputados, um deles licenciado. Juntos com a oposição que já existe, é o bastante para tornar difícil a vida do Palácio. Vale lembrar que parte significativa da bancada pedetista — az começar pelo presidente da Assembleia, Evandro Leitão, ficou do lado de Izolda. Os parlamentares que apoiam Izolda não podem trocar de partido, ou ficam inelegíveis.
A máquina
Governo não é detalhe em eleição alguma, em particular no Ceará. A última vez em que alguém que tinha apoio do então governador perdeu a eleição foi em 2006, em circunstâncias muito particulares. Foi Lúcio Alcântara, candidato à reeleição por um PSDB rachado, cujo principal líder o abandonou, derrotado por ex-aliados que romperam meses antes da eleição. Antes disso, o último candidato a perder eleição apoiado por governador no Ceará havia sido Virgílio Távora para Parsifal Barroso, em 1958.
Mas, para não ir tão longe, essa eleição tem ingredientes que lembram 2006, com base aliada fraturada e partido governista dividido.
Recado de Ciro
Por falar em eleições passadas, Ciro Gomes deu vários recados na convenção de domingo. Alguns bem claros. Outros mais cifrados. Um deles foi sobre a própria eleição para governador, em 1990. Ele mencionou que havia entendimento para escolher Sérgio Machado, então secretário de Governo, para ser candidato. Porém, quando chegaram as pesquisas, constatou-se a rejeição a Machado. Então, relembrou Ciro, decidiu-se que ele renunciaria à Prefeitura de Fortaleza para concorrer a governador. Disse Ciro, contra a vontade dele, pois estava cheio de projetos na Prefeitura e com bastante dinheiro em caixa. O que essa história tem a ver com o momento atual? Aliados de Izolda contam de um acordo que teria sido feito entre Camilo Santana e Cid Gomes (PDT) para ela ser candidata. É possível que Ciro tenha usado a própria história para dizer que o acordo não se sobrepôs à opinião popular, medida pelas pesquisas.
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