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A liberdade de conspirar e defender golpe
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A liberdade de conspirar e defender golpe

Defesa da liberdade feita por Bolsonaro e aliados é uma ideia de fazer o que se bem entender, sem limites ou responsabilidades
Tipo Notícia
Operação da Polícia Federal em Fortaleza (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Operação da Polícia Federal em Fortaleza

Oito dos mais estratégicos aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) foram ontem alvos de operação da Polícia Federal. Influentes, extremamente ricos — bilionários até — são importantes financiadores do presidente e dão respaldo junto a meios econômicos. São investigados por participarem de troca de mensagens golpistas num grupo de WhatsApp chamado "Empresários & Política".

As mensagens foram puxadas por José Koury, dono do shopping Barra World e de empreendimentos imobiliários no Rio de Janeiro. "Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo."

O cearense Afrânio Barreira, dono do Grupo Coco Bambu, respondeu à mensagem de Koury com a imagem de um homem fazendo um "joinha".

"O 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está", apontou Marco Aurélio Raymundo, dono da rede de lojas Mormaii. Ele comentou ainda sobre hipótese de ruptura: "Golpe foi soltar o presidiário!!!" As mensagens foram reveladas pelo Metrópoles.

A ação da PF, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, causou reações indignadas de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filhos do presidente.

A defesa da liberdade é um discurso recorrente do bolsonarismo, incorporado pelo presidente e pela família, a despeito do histórico de defesa da ditadura militar, de torturadores. Porém, para o bolsonarismo, muitas vezes a noção de liberdade se confunde com a falta de qualquer limite. Ser livre é entendido como fazer o que se bem entender, sem assumir responsabilidades por isso. Não é esse o significado de liberdade.

Até onde vai a liberdade de defender opiniões golpistas e antidemocráticas? É aceitável defender a interlocutores que um golpe pode ser realizado? Mais que isso, há espaço na democracia para se organizar uma manifestação, como a anunciada para 7 de setembro, e deixar claro que o objetivo é usar o Exército nesse ato como forma de ameaça? Quando esse tipo de comentário é feito num grupo que reúne bilhões de bilhões de reais, de pessoas envolvidas na organização desses atos, onde termina a opinião e onde começa a conspiração?

Os empresários têm diferentes graus de manifestação e interação. Alguns se posicionaram, negaram defesa de golpe. Todos terão, naturalmente, direito de defesa. Celulares foram apreendidos como parte da investigação. A saber o que a Polícia Federal encontrará.

A eleição limpa e transparente de Bolsonaro

Bolsonaro disse ao Jornal Nacional que aceitará o resultado da votação se as eleições forem “limpas e transparentes”. Ele não falou se dirá se acha ou não o processo legítimo antes ou depois de o resultado sair. Ou será que ele achará limpa e transparente em caso de vitória, e suja e opaca em caso de derrota?

Ciro, o reconciliador

No Jornal Nacional, Ciro Gomes (PDT) tentou se apresentar como o reconciliador do Brasil, após a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Ciro é um político de qualidades, mas a postura dele em relação aos adversários — a vida toda — não o recomenda para esse papel. A capacidade conciliadora dele pode ser vista na situação da antiga aliança que havia no Ceará depois que ele atuou por um mês como articulador.

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