Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: ANTONIO AUGUSTO / TSE / AFP
Posse de Moraes no TSE, com Bolsonaro e Lula
Alexandre de Moraes, mais que Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tornou-se alvo da ira de Jair Bolsonaro (PL) e apoiadores. Ele tem agido de forma implacável em vários momentos, ao não deixar prosperar as muitas tentativas do grupo político ainda no poder de impedir que a eleição transcorresse dentro da normalidade. Ao rejeitar uma ação sem fundamentos e impor multa por litigância de má-fé, Moraes não inventou nada. Usou um instrumento jurídico consagrado. O magistrado, entendo, cometeu excessos no inquérito das fake news. Usou interpretação bastante alargada para conduzir um processo no qual tem poderes demais. Na condução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele tem agido muito porque o bolsonarismo tensiona muito, agiu de forma heterodoxa em várias frentes. Moraes barrou várias delas. Permitiu outras tantas — nunca um governo gastou tanto em pleno período eleitoral. São muito menores os motivos para queixa de Bolsonaro em relação a Moraes do que os de Lula em relação a Sergio Moro (União Brasil).
Copa, política e a política ao ver ou deixar de ver a Copa
Manifestantes bolsonaristas inconformados com a derrota eleitoral decidiram boicotar jogos da Copa do Mundo. Usam camisas amarelas da seleção brasileira como símbolo, mas agora dizem que a Copa do Mundo só os distrai do objetivo de garantir que Jair Bolsonaro (PL) continue presidente. E ainda daria audiência à Globo. O golpismo é inaceitável. Mas, quanto a assistir ou não aos jogos, ninguém é obrigado. Sei que em Copa do Mundo só se fala disso. Pode ser aborrecido. Mas, tem quem não queira e está tudo certo. Eu, por exemplo, não sou o maior adepto de séries, salvo casos bem específicos — e algumas que eu até gostaria de ver, mas não tenho condições ou disposição de dedicar o tempo demandado. A questão é que assistir ou não aos jogos não me parece ter dimensão política. Aliás, para quem faz pode até ter, mas não me parece ter efeito político algum.
Essa postura era muito comum na esquerda. O boicote à Copa como forma de protesto. De um lado assim como de outro, muitas vezes esse boicote aos jogos parte de quem já não gosta de futebol, não assistiria de qualquer maneira e fica de saco cheio com tudo isso. Então, aproveita a viagem e dá simbolismo ao gesto. A tentativa não custa nada, mas é infrutífera. Ainda assim, é inofensiva e todo mundo está no direito.
Copas do mundo sempre tiveram dimensão política, mas as coisas não são tão diretas. Em 1994, o Brasil ganhou e o candidato governista venceu a eleição presidencial.. Em 2002, veio o penta e venceu a oposição. Em 1998, 2006, 2010 e 2014, venceram os governistas mesmo nas derrotas. Não há correlação. Subestima-se o eleitor. Eleições são definidas por outras razões.
Militantes políticos de esquerda, presos na época da ditadura, relatam que, na Copa de 1970, começaram torcendo contra a seleção. A situação ficou ainda mais conveniente porque o jogo de estreia era contra a Tchecoslováquia, comunista, que abriu o placar. Porém, eles contam, quando Rivellino empatou o jogo, não tiveram como seguir torcendo contra a seleção. Se presos políticos por um regime que explorou o futebol como nenhum outro podem torcer, qualquer pessoa está autorizada.
Em resumo: todo mundo pode assistir aos jogos ou deixar de assistir, torcer a favor, torcer contra, torcer pela Argentina, por quem quiser, sem que isso signifique aderir ou ser contra qualquer governo.
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