Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez o convite formal para o União Brasil fazer parte da base de apoio a ele. Acenos mútuos já vinham ocorrendo, mas, na manhã desta terça-feira, 29, ele se encontrou com os líderes do partido na Câmara dos Deputados e no Senado, Elmar Nascimento (BA) e Davi Alcolumbre (AP), respectivamente. Ele faz a proposta, mas não houve resposta nem que sim nem que não. Não foi tratado de cargos a serem ocupados. Deverá haver nova conversa.
A negociação tem muitas consequências para o Brasil e para o Ceará. Em âmbito nacional, basta lembrar, o União nasce da fusão entre o PSL — partido pelo qual Bolsonaro se elegeu — e o DEM, que vem a ser o velho PFL. Cada qual menos lulista, com bases que não gostam nem um pouco do PT. Mas, gostam de poder. Os tempos mudam. Um dos principais dirigentes do União, egresso do velho PFL, é ACM Neto. No passado, ele ameaçou dar surra em Lula, mas hoje não tem nada contra o acordo.
No Ceará, trata-se do partido do deputado federal Capitão Wagner. Pelo discurso, sobretudo após a mais recente derrota eleitoral, pela base política, Wagner já deixa claro que não será base de Lula. Já houve acordo na campanha e, em caso de adesão, não acredito que haverá problema para o capitão cearense. Ele teve de travar dura batalha contra o governismo cearense para assumir o partido, um dos maiores do País. Não irá largar fácil, mas tampouco deve ser constrangido a apoiar um governo ao qual tem se colocado como contraponto.
Há até precedente. Em 2018, o Pros, de Wagner, estava na coligação de Fernando Haddad (PT) na disputa presidencial. E o capitão era um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro no Nordeste. Verdade que uma coisa é o Pros, uma legenda que flerta com a insignificância. Outra coisa é a potência política do União Brasil.
Eduardo Bolsonaro e o pendrive na Copa
Não pegou bem entre os bolsonaristas a imagem de Eduardo Bolsonarona Copa do Mundo no Catar, enquanto os mais radicais — e menos atarefados — seguem em frente de quartéis à espera de os militares reverterem a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O filho zero três do presidente Jair Bolsonaro (PL) respondeu com uma cabal demonstração de que acha que os apoiadores do pai são uns completos bobocas.
O rapaz teve a pachorra de dizer que foi à Copa para aproveitar o fato de a Fifa ter mais países membros do que as Nações Unidas. Assim, munido de um pendrive, entregou a eles informações sobre a situação do Brasil. Bizarro do começo ao fim.
Sim, a Fifa tem mais membros do que a ONU, mas quem está lá não são políticos, diplomatas, chefes de Estado. São atletas, técnicos, dirigentes. Os políticos estão a passeio. Sei não se vão se interessar pelo pendrive do zero três. Aliás, a quantos representantes de outras nações o Eduardo terá entregue os pendrives?
Além do mais, como disse o colega André Bloc, é muito inusitado alguém ir fazer defesa da democracia e da liberdade no Catar. No Catar. Num país sob monarquia absolutista com fortes componentes de teocracia, num país em que há 200 anos a mesma família tem poderes totais, imagina como as pessoas devem ficar horrorizadas ao saberem que o clã Bolsonaro não aceita o sistema de votação em vigor há 26 anos e 13 eleições.
Tem quem acredite, porque gosta de se enganar. Já chega enganado de véspera. Para esses, Eduardo dá marreta para usarem de chapéu.
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