Logo O POVO+
Taxa do lixo é desafio político para Sarto
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Taxa do lixo é desafio político para Sarto

Taxa do lixo chega à Câmara Municipal de Fortaleza
Tipo Opinião
Sarto chega a momento-chave na metade do mandato (Foto: Samuel Setubal/Especial para O Povo)
Foto: Samuel Setubal/Especial para O Povo Sarto chega a momento-chave na metade do mandato

O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), enfrenta um dos desafios políticos mais complexos da gestão: a implantação da taxa do lixo. Não é escolha dele. Trata-se de determinação de lei federal, o novo Marco Legal do Saneamento Básico, número 14.026/2020, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Ainda assim, cabe aos municípios implantarem. Criar taxa nunca é popular.

Sarto enfrentou dois primeiros anos complicados de mandato., com pandemia, cenário econômico adverso, ruptura política dentro do grupo. O prefeito já avisou que pretende buscar a reeleição. Para ter chances, precisará mostrar resultados nos próximos dois anos. O momento é de virada na administração. Nesse contexto, ter de criar a taxa do lixo a essa altura é problema extra.

A dificuldade maior está no fato de que as pessoas passarão a pagar por um serviço do qual já dispõem sem pagar especificamente para isso — o valor está hoje diluído no montante de impostos. Convenhamos, não soa bem. Para ao menos atenuar o desgaste, a Prefeitura, por um lado, irá isentar 29% dos imóveis, da população mais pobre. Além disso, quer enfatizar aquilo que será feito a mais, o que a população irá ganhar a partir da nova tarifa.

Não será fácil convencer a população de que a mudança é boa. Aliás, nem mesmo é fácil convencer de que a mudança não é ruim. Para tarefa tão complicada, Sarto escalou um dos quadros da Prefeitura que mais têm mostrado resultados: Luiz Alberto Sabóia, presidente da Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação de Fortaleza (Citinova). Ele foi responsável por coordenar as ações na área de mobilidade na gestão Roberto Cláudio (PDT), incluindo ciclofaixas, corredores de ônibus, calçadas e ações de prevenção de acidentes.

Agora, ele apresenta as contrapartidas pela cobrança da taxa do lixo. Traz ambiciosa meta de reciclagem, ampliação de infraestrutura e ações voltadas aos catadores, que incluem um benefício de R$ 300. Sabóia é ambicioso: afirma que o programa, batizado “Mais Fortaleza”, irá “revolucionar o manejo de resíduos sólidos” na Capital.

Ele tem a clareza política de que será necessário que as ações sejam percebidas com clareza pela população. Afinal, o peso no bolso certamente será notado. Das muitas ações previstas, uma é mais percebida que todas pelos moradores: o acúmulo de lixo em vias públicas. Se Sarto conseguir uma redução profunda e perceptível da sujeira na cidade, a taxa será menos sentida e menos lamentada. Mas, se os monturos persistirem, porém, a taxa será paga com desgosto ainda maior.

Pragmático Tarcísio diz que nega ser “bolsonarista raiz”

Com a derrota de Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial, o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) é a principal estrela do conservadorismo nacional. Torna-se, a partir de janeiro, o aliado do futuro ex-presidente em cargo mais destacado. Cargo esse que deve a Bolsonaro. Sem o presidente, ele não seria governador de jeito maneira.

Porém, Tarcísio é pragmático. Na campanha, afastou-se de Bolsonaro quando achou que seria conveniente e, ao notar o risco de naufrágio, agarrou-se ao padrinho. Com Lula eleito, ele sabe que não convém brigar com o Governo Federal e deixa claro que não irá alimentar as polêmicas do extremismo dos apoiadores do presidente. “Eu nunca fui bolsonarista raiz”, afirmou. “Não vou entrar em guerra ideológica e cultural”, acrescentou.

O pragmatismo de Tarcísio pode custar caro para ele entre os bolsonaristas. Não é o tipo de coisa que agrade ao ex-chefe e à família presidencial.

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?