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O que justifica Camilo como ministro
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O que justifica Camilo como ministro

Desempenho educacional do Ceará justifica que Camilo seja o segundo ex-governador do Estado a assumir o cargo em oito anos. Estranho é por que alguns no PT acharam que a principal responsável por essas políticas, Izolda Cela, não poderia ser a ministra
Tipo Opinião
 Izolda Cela, ao receber o cargo de governadora de Camilo (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves  Izolda Cela, ao receber o cargo de governadora de Camilo

Camilo Santana (PT) tem credenciais para ser ministro da Educação. As mesmas que tinha Cid Gomes (PDT) quando foi indicado para o posto por Dilma Rousseff (PT): os bons resultados educacionais do Ceará. Com Camilo, e a sequência das políticas, há até mais resultados. É isso que justifica Camilo como ministro.

Porém, não há justificativa para Camilo ser considerado mais apto para ser ministro da Educação do que Izolda Cela (sem partido). Os bons resultados que levaram Cid e Camilo ao MEC tiveram nela a protagonista, a pessoa da linha de frente. Ela conhece mais que os dois os meandros da área.

Argumentou-se o tamanho político que faltaria a ela para o posto. Ora, Izolda, com o tempo de secretária, vice-governadora e atualmente governadora é muito maior do que era, por exemplo, Fernando Haddad (PT) ao virar ministro, em 2005, com o currículo de cargos de segundo escalão para baixo na Prefeitura de São Paulo e Ministério do Planejamento.

Claro, Camilo tem mais tamanho e peso político. E, para comandar ministério, não é preciso necessariamente o domínio técnico da área. Mais importante é dar a diretriz daquilo que será feito. O senador eleito pelo Ceará é dado como certo no MEC e Izolda deverá ocupar o principal cargo da pasta, ao lado dele. Têm condições de realizar um bom trabalho.

O que não dá para entender é por qual razão houve um levante para impedir Izolda de ser a ministra. Tudo bem Camilo ser ministro. O problema é por que se considerou que ela não possa ser.

Uma coisa é certa: Camilo não tem perfil de quem cairá pelo mesmo motivo de Cid Gomes, que, com menos de três meses na função, travou bate-boca público com o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB). Dilma sacrificou Cid para não confrontar Cunha — que, dali a um ano, comandaria o impeachment dela.

O que Camilo tem a mostrar

A efêmera passagem de Cid Gomes não deixou tempo para tentar levar para o plano nacional a experiência cearense. Há muitas boas práticas, sobretudo relacionadas ao nível de aprendizagem em cada nível de ensino. Essa é a chave: aprendizagem, algo de que tão pouco se falou nos tempos de obscurantismo e caça às bruxas ideológica, num governo que queria fazer educação sem dar autonomia aos professores.

Parcerias

O caminho para a melhoria da educação cearense passou fundamentalmente pela parceria do Estado com as prefeituras. O Governo Federal não é o responsável direto pela educação básica. A experiência de trabalhar em conjunto pode ser bastante útil no plano federal. Parceria com prefeitos e governadores, aliás, não seria algo que se pudesse esperar no governo Bolsonaro.

Realidade na ponta

A Secretaria da Educação Básica do MEC é a principal instância responsável pela relação com estados e municípios. É para lá que Izolda deve ir. Dificilmente haja alguém no Brasil com mais conhecimento da realidade na ponta. Secretários de educação provavelmente terão o que comemorar.

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